Afasta-te, massa

Será que os meteorologistas são sádicos ou somos nós que gostamos de torturar os mensageiros que trazem más notícias?

Será que os meteorologistas são sádicos ou somos nós que gostamos de torturar os mensageiros que trazem más notícias? Ou será uma mistura das duas coisas?

A Lusa falou com Maria João Frada do IPMA acerca da maldita massa de ar polar que está doida para nos visitar, estragando-nos o que resta do Verão, na altura em que mais estávamos a contar com ele, para ganharmos força para enfrentar o Outono.

Mas não me falem em força nem em frentes. A Joana Jorge foi a primeira pessoa a avisar-me que o Verão tinha acabado. Depois de nos vaticinar uma sexta-feira muito fria com vento forte, Maria João Frada fez questão de realçar: "O mais importante é que (...) temos a entrada de uma massa de ar polar que nos vai trazer já um cheirinho a Outono."

Detecta-se ou não uma tremenda satisfação nestas palavras? Seria lícito suspeitar que existe até uma intenção autocongratulatória, em que a meteorologista não só aplaude a massa polar, como tem o prazer de correr as cortinas para ela poder entrar?

Porque é que o tal "cheirinho a Outono" tem de ser tão desagradável? E porquê cheirinho? Já há castanhas assadas? Não seria mais apropriado, nesta altura do ano, invocar as tardes cálidas do fim de Setembro para falar do Outono?

A verdade é que preferíamos que ela nos desse uma previsão mais amena, menos chocante. Ela não tem culpa. Um dos males de viver na zona temperada é estarmos mais perto dos pólos do que se pensa. Daí a confiança – e a lata e a desfaçatez! – com que a massa polar dá um salto até cá.

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