Uma barca para o inferno abre Festa do Livro em Belém

Livros, debates e espectáculos voltam aos jardins do palácio presidencial entre 21 e 24 de Setembro. O anfitrião e bibliófilo Marcelo Rebelo de Sousa andará por lá.

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Este ano a Festa do Livro de Belém começa mais tarde. O evento esperou pelo início do ano lectivo, para poder receber a visita das escolas Miguel Manso

À barca, senhores, à barca, que a Festa do Livro volta este ano aos jardins do Palácio de Belém de 21 a 24 deste mês, com espectáculos, debates e claro, muita literatura em língua portuguesa e uma elevada possibilidade de, aqui ou ali, encontrar o bibliófilo anfitrião, o Presidente da República.

Vinde cedo no primeiro dia, pois os portões abrem às 18h e a cerimónia de abertura oficial acontece logo às 19h30: este ano, para assinalar os 500 anos do Auto da Barca do Inferno, haverá uma leitura da obra de Gil Vicente encenada por Tiago Rodrigues e interpretada por actores do Teatro Nacional D. Maria II.

Entrai, entrai, pois a contar pelo exemplo do ano passado, em que a Festa atraiu 24 mil pessoas nos quatro dias, as filas serão grandes e não haverá lugares sentados para todos.

Nada temei, no entanto: o julgamento das almas não vai acontecer ali. O que se propõe é, antes, que se faça uma viagem ao mundo dos livros ali disponibilizados pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), parceira desta iniciativa presidencial. Serão 40 as editoras presentes, seleccionadas pela APEL com um critério central: dar destaque aos autores portugueses ou de língua portuguesa.

Se os livros são o cabeça de cartaz, a festa quer desempenhar também outros papéis, como promover debates ao fim da tarde (sempre às 17 horas) e proporcionar momentos artísticos à noite. Será assim entre sexta-feira e domingo, com os debates a decorrerem no improvisado auditório ao ar livre junto à cascata e os concertos no palco montado no Pátio dos Bichos.

Na sexta-feira (dia 22), o tema em debate é “O eu em literatura” e junta na cascata três autores que, de diferentes formas, usaram a primeira pessoa nos seus livros: Isabela Figueiredo, a autora de A Gorda, o embaixador-escritor Marcello Duarte Mathias, que escreveu vários diários por onde passava, e a professora Maria Antónia Oliveira, autora da biografia literária de Alexandre O’Neill. Nessa segunda noite, às 22h30, será exibido o filme Mudar de Vida, de Paulo Rocha, numa homenagem à antiga primeira dama Maria Barroso.

Sábado (23) é dia de pensar o futuro do jornalismo e para isso foram convidados os jornalistas Clara Ferreira Alves, Isabel Lucas e Paulo Moura. A moderação está a cargo de Carlos Vaz Marques e o encontro é como nos outros debates: às 17 horas, na cascata. Nessa noite, às 22h30, sobe ao palco do Pátio dos Bichos a Lisbon Poetry Orchestra (Orquestra Académica da Universidade de Lisboa), levando letras de poetas portugueses de agora.

Quem ri por último, um debate sobre humor e literatura, é o último dos debates e, embora o assunto seja sério, será fácil sucumbir ao sorriso. Basta dizer que estarão à mesa da cascata o humorista Ricardo Araújo Pereira e Abel Barros Baptista, autor de E assim sucessivamente, uma colectânea de crónicas de ironia e facécia deste professor de Literatura.

A moderá-los, ou nem por isso, estará Pedro Mexia, o assessor cultural do Presidente da República. Foi ele e a sua adjunta Helena Nogueira Pinto que organizaram o evento, sempre em articulação com o anfitrião Marcelo Rebelo de Sousa, o verdadeiro autor desta festa de cultura e proximidade com que quer marcar a sua presidência. E que este ano decorre mais tarde para acontecer já com o ano lectivo em curso e assim permitir a visita organizada de estudantes.

Porque é domingo, e a Festa acaba aqui, o concerto da noite é antecipado para as 20h30 e a estrela convidada é Luísa Sobral, a compositora da música vencedora do festival Eurovisão 2017 e irmã do seu intérprete, Salvador Sobral. As portas para a entrada neste último dia encerram às 21h e duas horas depois cai o pano e fecham-se as caixas com os livros que sobrarem. 

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