Bloco critica ministro. Reivindicações dos enfermeiros são “inteiramente justas”

Catarina Martins defende que "é preciso valorizar o trabalho dos enfermeiros em Portugal" e diz que o Governo tem tardado nas respostas.

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LUSA/HOMEM DE GOUVEIA/Arquivo

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) considerou esta segunda-feira que o Governo tem "tardado nas respostas" aos enfermeiros e que o ministro da Saúde "tem sido desajustado nas suas declarações" sobre o tema. Em comunicado, o partido diz ainda que as medidas que os enfermeiros têm reivindicado são “inteiramente justas” e questiona o Governo sobre o calendário da sua aplicação.

"Acho sinceramente que o Governo tem tardado nas respostas e o ministro da Saúde tem sido desajustado nas suas declarações", considerou Catarina Martins, falando aos jornalistas em Lisboa, à margem de uma iniciativa com o candidato do partido à autarquia da capital, Ricardo Robles, nas autárquicas de 1 de Outubro.

Os enfermeiros iniciaram esta segunda-feira uma greve de cinco dias contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de actualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

Para a líder do BE, "é preciso valorizar o trabalho dos enfermeiros em Portugal", e o tema, apesar de "arrastar-se" de outros executivos, não pode merecer "inacção" do actual Governo. No que refere aos enfermeiros especialistas que "não são remunerados por essa especialização e responsabilidade acrescida", Catarina Martins diz "não fazer nenhum sentido" haver quem não seja remunerado por essa mais-valia, mais a mais com "salários muito baixos", sendo necessário, portanto, dar "justiça" a estes profissionais.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS), segundo a dirigente do BE, está "desorçamentado", e o Orçamento do Estado para 2018 deve representar um "recuperar do SNS" que leve, por exemplo, à contratação de mais enfermeiros.

De todo o modo, reconheceu Catarina Martins, a situação dos enfermeiros especialistas pode ser apenas resolvida "em parte no OE", mas as negociações entre Governo e sindicatos "são importantíssimas, nomeadamente na remuneração" daqueles profissionais. "Posturas do ministro [da Saúde, Adalberto Campos Fernandes] a desvalorizar reivindicações que todos nós no país percebemos que são essenciais não ajudam a um processo negocial que é essencial. O OE não se substitui às negociações e espírito de negociação entre o Governo e enfermeiros e enfermeiras deste país", prosseguiu a coordenadora do Bloco.

"É tempo de repor justiça e direitos"

Num comunicado assinado pelo deputado bloquista Moisés Ferreira, o BE defende também que “os enfermeiros têm reivindicado do Governo várias medidas que são inteiramente justas, como é o caso do descongelamento das carreiras, do reconhecimento e valorização dos enfermeiros especialistas, da igualdade nos horários de trabalho entre todos os enfermeiros e do pagamento integral das horas de qualidade”.

“As várias profissões da área da saúde foram bastante atingidas pelas medidas do Governo PSD/CDS que retirou milhares de milhões de euros ao SNS. É tempo de repor justiça e direitos a estes profissionais. Fazê-lo melhorará o Serviço Nacional de Saúde e garantirá melhores cuidados de saúde a todos os utentes”, continua a nota divulgada pelos bloquistas, acrescentando que “o Governo deve, rapidamente, apresentar propostas que valorizem os enfermeiros especialistas, que descongelem as carreiras, que reponham o valor das horas de qualidade, que garanta as 35h a todos os enfermeiros, assim como a contratação de mais profissionais de enfermagem, de forma a cumprir com as dotações seguras e melhorar as condições de trabalho e de atendimento aos utentes”.

No final do comunicado o partido deixa uma questão ao Governo: “Qual o calendário para a implementação destas medidas reivindicadas, justas e necessárias, e que são reivindicadas pelos profissionais de enfermagem?”.

A greve dos enfermeiros teve uma adesão de cerca de 85% no final do segundo turno (15h), segundo o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), José Azevedo, um dos promotores do protesto que decorre até sexta-feira. De acordo com este dirigente sindical, alguns hospitais registam uma adesão de 100%, como o São João (Porto), e outros pararam a sua actividade, nomeadamente programada, devido ao protesto.

No Hospital Santo António (Porto), a actividade cirúrgica programada está parada e no Pedro Hispano (Matosinhos) os serviços ficaram a "meio-gás". Em Lisboa, os hospitais que compõem o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) registaram uma adesão de 80%, segundo as contas do SE.

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