Seul acredita que o Norte pode lançar já sábado outro míssil balístico intercontinental

Coreia do Sul avisa que “os presentes” prometidos por Pyongyang estão a caminho.

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Navios da Coreia do Sul ensaiam resposta a possível ataque do Norte Reuters

Foi a 9 de Setembro do ano passado que a Coreia do Norte realizou o seu quinto ensaio nuclear, assinalando o aniversário da sua fundação de forma a colocar um sorriso no rosto de Kim Jong-un. O sexto teste chegou no domingo (e desta vez, dizem os peritos, tratou-se de uma bomba “destruidora de cidades, dez vezes maior do que a de 2016), mas o regime diz-se pronto para enviar “mais presentes” aos Estados Unidos.

Na Coreia do Sul, Governo e especialistas, todos acreditam que este “presente” será o lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla inglesa). “Há a possibilidade que o Norte faça provocações adicionais disparando um ICBM em direcção ao Pacífico Norte”, afirmou ao Parlamento de Seul um responsável dos Serviços Secretos Nacionais.

Este seria o terceiro teste de um míssil que, em teoria, pode alcançar os EUA, depois dos dois primeiros de sempre, realizados por Pyongyang em Julho. “Kim Jong-un não se importa com as reacções de [Donald] Trump aos seus lançamentos de mísseis ou testes nucleares. Vai continuar a ignorar as respostas internacionais, mesmo que o regime seja alvo de sanções mais pesadas”, defende Cheong Seongchang, analista do Instituto Sejon, ouvido pelo Financial Times.

“O que o regime quer é manter os EUA fora da Península Coreana e, ao exibir a sua capacidade de atingir a América continental com um ICBM armado com poder nuclear, impedir que intervenham em caso guerra”, explica o académico do think-tank sul-coreano.

A Coreia do Norte sempre foi forte no campo das provocações. O que parece estar a acontecer é que a realidade se aproxima cada vez mais depressa da descrição que o regime faz das suas capacidades. “As recentes medidas de autodefesa realizadas pelo meu país são um ‘presente’ dirigido aos EUA e a nenhum outro país”, afirmou Han Tae Song, embaixador da República Democrática da Coreia do Norte, numa conferência promovida pela ONU sobre… desarmamento. “Os EUA vão receber mais ‘presentes’ enquanto mantiverem as suas provocações imprudentes e as tentativas fúteis de nos pressionar”.

O jornal sul-coreano Asia Business Daily escreveu entretanto que os responsáveis de segurança do país têm estado a observar um míssil em movimento na Coreia do Norte, na direcção da sua costa ocidental. O míssil, que acreditam tratar-se de um ICBM, terá começado a mover-se durante a noite de domingo para segunda-feira e só tem sido transportado de noite, tentando evitar a vigilância. Sem confirmar estas informações, o Ministério da Defesa de Seul avisa que o Norte se prepara para lançar um novo ICBM “a qualquer momento”.

Tendo em conta a preferência do regime por datas simbólicas, analistas e observadores acreditam que sábado, dia do 69º aniversário da fundação da Coreia do Norte, é dia muito provável para este lançamento.

Neste contexto de agravar de tensões, o Presidente Trump escreveu na sua página de Twitter que vai autorizar o Japão e a Coreia do Sul a comprar armas americanas “ultra-sofisticadas”, sem precisar que tipo de armamento está em causa. A confirmar-se, esta mudança vai satisfazer o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que pretende reforçar as capacidades militares de um país com uma Constituição pacifista.

No Sul, como tem acontecido nos últimos dias, continuaram a realizar-se exercícios navais. Num briefing do Ministério da Defesa, um porta-voz explicou que os “testes visam antecipar provocações marítimas da Coreia do Norte, inspeccionar o nível de preparação na Marinha e reafirmar ao inimigo a determinação em puni-lo”.

 

 

 

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