A bomba de Kim pode ser de hidrogénio, mas não é termonuclear

A Coreia do Norte procura desenvolver rapidamente uma arma atómica de alta potência.

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Kim Jong-un guia um teste de míssil KCNA/REUTERS

Quão potente foi a bomba testada pela Coreia do Norte?

O sexto e mais poderoso ensaio nuclear norte-coreano foi o primeiro com um poder destruidor muito superior ao das bombas atómicas que os Estados Unidos lançaram sobre o Japão em 1945, matando 200 mil pessoas quase instantaneamente. Há estimativas a apontar para 120 quilotoneladas, quando a bomba de Hiroxima tinha 13 quilotoneladas – tanto quanto a que foi usada no quinto teste da Coreia do Norte, em Setembro de 2016.

Terá sido mesmo uma bomba de hidrogénio?

As armas atómicas tradicionais baseiam-se no processo de cisão dos atómos: um neutrão colide com o núcleo de um átomo, dividindo-o e libertando uma grande quantidade energia e mais neutrões. Quando se atinge uma massa crítica de material físsil, capaz de sustentar uma reacção em cadeia de cisão dos átomos, pode-se manipular esse processo para produzir energia ou criar bombas.

Já as bombas de hidrogénio têm por base o processo inverso, a fusão dos núcleos atómicos – uma reacção que imita o que acontece no interior das estrelas. A fusão de deutério e de trítio, formas pesadas de hidrogénio, liberta energia e um neutrão com uma energia sete vezes superior à de uma reacção de cisão atómica. As reacções de fusão podem ser iniciadas no interior de uma bomba atómica de cisão para aumentar a sua eficácia, Quase todas as bombas nucleares hoje em dia têm este mecanismo, aumenta a sua eficiência até 100 vezes relativamente às bombas de 1945.

Militares e cientistas internacionais julgam que a Coreia do Norte terá usado este mecanismo para aumentar a eficácia da sua bomba nuclear, em vez de ter desenvolvido de facto uma bomba de hidrogénio, como alega Pyongyang.

O país está perto de ter uma arma termonuclear?

Ninguém sabe realmente o que se passa nos laboratórios norte-coreanos, mas uma verdadeira bomba de hidrogénio, também chamada termonuclear, teria um poder explosivo na ordem das megatoneladas (milhões de toneladas) e não quilotoneladas (milhares de toneladas). Seria possível aumentar o seu poder destruidor acrescentando sucessivos andares explosivos de cisão atómica para iniciar engenhos de fusão secundários, criando aquilo a que se chamou uma “máquina do fim-do-mundo”. O maior perigo das bombas termonucleares é o facto de encaixarem num espaço pequeno um enorme poder explosivo e de destruição, sendo relativamente leves e fáceis de serem transportadas em mísseis.

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A Coreia do Norte aderiu aos tratados internacionais que proíbem armas nucleares?

A 10 de Janeiro de 2003 Pyongyang anunciou que se retirava do Tratado de Não Proliferação Nuclear, ao qual se tinha juntado em 1985 como Estado sem armas nucleares. A Coreia do Norte assinou o Tratado de Proibição de Testes Nucleares, tal como os 183 membros da ONU mas, tal como a China, Egipto, Israel e EUA, não o ratificou. Como nem todos os países o ratificaram, não entrou em vigor – apesar de a comissão de verificação estar em actividade desde 1996, data em que foi assinado.

Texto baseado em informação do site da Comissão para o Tratado de Proibição de Testes Nucleares (CTBTO, na sigla em inglês)

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