Esta Inquietante Câmara de Lisboa… (II)

Deixo aqui um apelo à Câmara Municipal para que dialogue com hombridade com os munícipes e que ajude a criar condições que permitam que a próxima campanha eleitoral contribua, com lucidez e coragem, para que Lisboa se torne naquilo a que tem direito: uma cidade de diálogo e de afecto.

O meu mestre Miguel Torga ensinou-me que «Viver é ser no tempo intemporal»; e eu esforço-me por cumprir.

Em Outubro de 2016 escrevi ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa uma carta que contemplava dois temas:

1º - A falta de higiene dos nossos jardins (dejectos de cão, vidros de garrafas e beatas), que não permite a pais e avós usufruírem desses espaços com as suas crianças;

2º - Um Evento Âncora anual de sete dias (entre 7 e 13 de Junho), que permitiria celebrar a especificidade da cultura portuguesa: Cristianismo (Santo António nasceu a 13 de Junho), Descobrimentos (o Tratado de Tordesilhas celebrou-se a 7 de Junho) e Poesia (o dia 10 é o dia de Camões e 13 o dia de Pessoa).

Fernando Medina não deu qualquer tipo de resposta à carta, o que não seria grave se os serviços que me contactaram tivessem agido com dignidade. Muito pelo contrário: o gabinete do Vice-Presidente (Dr. Duarte Cordeiro) fez-me promessas que nunca cumpriu. Em finais de Março apresentei o caso numa sessão da Assembleia Municipal. Com prontidão, Helena Roseta enviou um ofício a Fernando Medina no qual solicitava que fosse «providenciada a informação a ser prestada ao exponente.». Com uma inquietação crescente vi passarem os meses de Abril e de Maio sem que chegasse uma resposta do presidente do executivo camarário. Contactei novamente a Assembleia Municipal e fui informado de que a presidente iria enviar um novo ofício. Assim aconteceu, mas estamos em fins de Agosto e a resposta do executivo continua por chegar.

Em artigo que publiquei no Público online em finais de Julho dizia: se Medina não respondesse a um munícipe seria estranho, não responder à Presidente da Assembleia Municipal é inquietante. Acrescento, agora, que para um munícipe que não obtém resposta do Presidente do seu município, esse facto é, na realidade, estranho, mas é também revoltante. É pois com um espírito de revolta (controlada) e de inquietação que escrevo este artigo.

A revolta controlada (por não ter tido uma resposta digna à minha carta) dá-me a força necessária para, com lucidez e paciência, não desistir de lutar pelas causas que defendo para Lisboa.

A inquietação (pelo facto de Medina não responder a Helena Roseta) leva-me a colocar as seguintes perguntas:

- Terá o Dr. Medina tido conhecimento dos ofícios que a Arquitecta Roseta lhe enviou?

- Se teve, por que não lhe respondeu?

- Se não teve, por que não teve?

- Qual a razão por que os membros da Assembleia Municipal não manifestam indignação pela falta de consideração do Dr. Medina (ou do seu gabinete) pela Arquitecta Helena Roseta?

- Terá Carlos Queiroz (poeta intemporal, mas profundamente enraizado em Lisboa) razão quando afirma que «Cercadas de abismos/(…) As almas são ilhas/ Em nós sepultadas./ Ilhas solitárias/ Sem pontes, sem túneis,/Deus se compadeça/ Do nosso arquipélago!».

Porque não quero estar de acordo com os versos que acabo de citar, deixo aqui um apelo à Câmara Municipal para que dialogue com hombridade com os munícipes e que ajude a criar condições que permitam que a próxima campanha eleitoral contribua, com lucidez e coragem, para que Lisboa se torne naquilo a que tem direito: uma cidade de diálogo e de afecto.

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