Maior epidemia de cólera já registada atinge 500 mil pessoas no Iémen

Por dia há 5000 novos casos de infecção no país em guerra, diz a Organização Mundial da Saúde.

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Cerca de 14 milhões de iemenitas não têm acesso regular a água potável YAHYA ARHAB/EPA

O número de casos de cólera no Iémen chegou às 500 mil pessoas infectadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde que começou a epidemia, em Abril, morreram 1975 pessoas. A maior epidemia de cólera já registada continua a crescer.

As organizações de saúde estimavam que a epidemia pudesse aumentar ainda mais na época das chuvas, que decorre entre Julho e Setembro. Aparentemente, no entanto, a taxa de novas infecções mantém-se estável, ainda que continue alta, a um ritmo de 5000 infecções por dia.

A maior epidemia de cólera registada anteriormente foi a do Haiti, a seguir ao terramoto de 2011 (340 mil casos num ano).

A maioria dos infectados tem sintomas leves (ou mesmo nenhuns), mas em casos graves a doença pode levar à morte em apenas algumas horas. Mais de 99% das pessoas que são infectadas e que têm acesso a serviços de saúde sobreviveram, diz ainda a OMS.

Mas a organização nota as dificuldades que os serviços enfrentam, com carência generalizada de medicamentos, falta de lugares nos hospitais (mais de metade de hospitais e clínicas fechou por danos sofridos na guerra), falta de água potável.

E os trabalhadores dos serviços de saúde não são pagos há mais de um ano. “Estes médicos e enfermeiras são essenciais para a resposta de saúde”, sublinhou o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “É preciso que recebam os seus salários para que possam continuar a salvar vidas.”

A doença dissemina-se devido à deterioração das condições de higiene e falta de água potável, quando a bactéria que a provoca é ingerida em comida ou água contaminada.

No Iémen, onde há mais de dois anos decorre uma guerra civil, mais de 14 milhões de pessoas não têm acesso regular a água limpa. Nas grandes cidades, não há recolha de lixo.

A guerra no Iémen já fez mais de 8000 mortos e de 46.000 feridos desde Março de 2015. Cerca de 60% da população do país, que conta com 27 milhões de habitantes, sofre de malnutrição.

O responsável da OMS terminou com um apelo: “O povo do Iémen não consegue aguentar muito mais – é preciso paz para reconstruir as suas vidas e o seu país.”

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