Trindade e Tobago trava domínio americano na última estafeta

Caster Semenya confirmou o favoritismo nos 800m, numa competição que terminou sem qualquer “dobradinha”.

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Phil Noble/Reuters

A 10.ª e última jornada dos Mundiais de atletismo de Londres continha duas “inevitabilidades”, a carecerem de confirmação com o decorrer das provas — a primeira curiosidade era a de se saber se a sul-africana Caster Semenya seria mesmo imbatível nos 800m; a outra era se os Estados Unidos iriam ganhar com folga de novo, e como quase sempre, as estafetas finais de 4x400m, aumentando ainda mais a sua vantagem no medalheiro geral sobre as outras nações, que, à falta da Rússia, formam um longo pelotão de remediados sem hipóteses de entrar na casa dos ricos.

A resposta às duas questões envolvendo as três corridas foi sim, sim e não, pela ordem da disputa das provas. Começando pelos 800m, na actualidade Caster Semenya parece ser imbatível. Mesmo quando, como no meeting do Mónaco antes dos Campeonatos, a um ritmo elevado um talento como a americana Ajee Wilson lhe tentou fazer frente, a sul-africana sempre foi prevalecendo. E parece que, da parte das rivais, há como que um conformismo na aceitação da supremacia de Semenya, seja qual for o perfil da corrida.

Desta vez, a prova foi lançada em bases rapidíssimas, com passagem a menos de 58 segundos aos 400m, e antes da chegada aos 600m a americana Wilson tentou colocar-se na frente, o que a levou a entrar na recta final ao lado de Francine Niyonsaba, do Burundi. Semenya, longe de entrar em pânico, foi acompanhando e, a 50m do fim, passou com toda a facilidade para chegar ao título com um recorde nacional de 1m55,16s, contra 1m55,92s de Niyonsaba e 1m56,65s de Wilson. Simples.

Os 4x400m femininos tornaram-se um passeio para os Estados Unidos a partir do momento em que a Jamaica ficou de fora, com a lesão da sua primeira atleta, acabando com a melhor marca do ano em 2m19,02s e seis segundos adiante da Grã-Bretanha (e Allyson Felix, no segundo percurso, atingiu um recorde de 15 medalhas em Mundiais). Mas nos 4x400m masculinos, última prova dos Mundiais, a selecção de Trindade e Tobago, após acesa luta, venceu a dos Estados Unidos (2m58,12s contra 2m58,61s), impedindo o sétimo título consecutivo do rival e fazendo reviver o triunfo de outro país das Caraíbas, as Baamas, sobre os EUA na mesma pista nos Jogos Olímpicos de 2012. No entanto, com dez títulos, os americanos foram, de muito longe, os dominadores do certame.

A final feminina de 5000m teve o prometido duelo entre a etíope Almaz Ayana e a queniana Hellen Obiri, as duas num campeonato muito diferente daquele que envolveu as outras, e que acabou por dar à holandesa Sifan Hassan, em terceiro lugar, a medalha que lhe escapou nos 1500m. Obiri colocou-se na frente logo de partida, travando o ritmo. A Ayana isto não interessava e a etíope fez um segundo quilómetro em 2m48s, partindo o pelotão. Depois, a etíope foi sempre esticando o ritmo, Obiri seguiu sempre e, a 300m do fim, a queniana atacou com toda a confiança para atingir o seu primeiro título mundial com o tempo de 14m34,86s contra 14m40,35s de Ayana, que não conseguiu, como todos os outros que tentaram, uma dobradinha, após ter conquistado a prova dos 10.000m.

Nuns 1500m masculinos muito tácticos até aos 400m finais, triunfou o melhor atleta de 2017, o queniano Elijah Managoi (3m33,61s), adiante do seu compatriota Timothy Cheruiyot (3m33,99s).

A final do salto em altura teve sentido único. Com um concurso fácil e totalmente limpo até 2,35m, inclusivé, o qatari Mutaz Barshim chegou ao seu primeiro título mundial, ele que é o segundo melhor saltador da história, com 2,43m. Depois de confirmado o triunfo, Barshim tentou passar ainda 2,40m pela primeira vez nesta época, sem sorte.

No lançamento do disco feminino, triunfou a campeã olímpica, a croata Sandra Perkovic, como se esperava, passando logo 70m ao segundo ensaio (70,31m) e dobrando a dose logo a seguir, com 70,28m. Tudo parecia resolvido mas, no último lançamento, a australiana Dani Stevens arrancou um ensaio espantoso, a 69,64m, recorde da Oceânia, que ainda chegou a assustar a croata.     

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