Yohann Diniz: “Espero que haja mais mulheres a fazer isto”

Campeão do mundo dos 50km marcha acredita que no sector feminino vai ser possível baixar das quatro horas em breve.

Foto
LUSA/FACUNDO ARRIZABALAGA

Depois de 50km a marchar e antes de ir ouvir a Marselhesa com uma medalha de ouro ao peito, Yohann Diniz, o novo campeão mundial da distância, falou em andamento com o PÚBLICO e ainda deu para abordar o dia histórico que foi para ele e para as mulheres na marcha (e para Inês Henriques), resgatando um pouco da sua herança portuguesa. O luso-francês, neto de uma portuguesa de Trás-os-Montes, já tinha vencido três títulos europeus e era o recordista mundial, distinções às quais juntou o título em Londres, depois de ter falhado o título olímpico no Rio de Janeiro devido a problemas intestinais. Essa medalha que lhe falta, quer conquistá-la em Tóquio.

Hoje foi um dia histórico…
Claro que sim, é a primeira vez que sou campeão do mundo. Mas também foi histórico para as mulheres, que correram os 50km pela primeira vez.

Cada vez que passava por uma mulher, dava-lhe um toque de incentivo…
Era para as encorajar e para lhes mostrar que elas estavam connosco e que isso era uma coisa normal. Fiquei verdadeiramente contente com isso e espero que haja mais mulheres a fazer isto.

Tinha muitos títulos europeus, e o recorde do mundo, mas nenhum título mundial. Este tem um sabor especial?
Sem dúvida, este título mundial é uma consagração. Tive uma medalha de prata em 2007, e é bom saber que dez anos depois consigo fazer alguma coisa.

O que achou do título mundial de Inês Henriques?
Sim, ela ganhou e fez recorde do mundo. Fez quanto, 4h02, 4h03?

4h05…
É um tempo óptimo. Acredito que as mulheres podem baixar em breve das quatro horas, 3h57, 3h58.

Pode falar um pouco da sua herança portuguesa?
Tenho uma família que esteve a seguir-me em Miranda do Douro, transmontanos. Acho que vou ter muitas mensagens de lá. Tenho muitos primos que sei que me estiveram a ver, a minha tia, os meus tios.

Quando foi campeão da Europa em 2014, tinha uma bandeira portuguesa quando cortou a meta. Porquê?
Sim. A minha avó tinha morrido nesse ano e foi para dedicar-lhe a vitória.

Vai continuar a marchar até aos Jogos de Tóquio?
Agora vou descansar, mas claro que sim. É a única medalha que me falta.

Como é que se começa a praticar uma prova tão dura como os 50km marcha?
É uma prova muito dura, mas que eu adoro. Custa muito a gerir o esforço, mas aprende-se.

Pensou alguma vez no que lhe aconteceu no Rio de Janeiro?
Não, nunca. Mas ensinou-me a gerir melhor o esforço durante o percurso.

Sugerir correcção
Comentar