“Se todos seguissem Setúbal, o problema dos manuais estava resolvido”

Distrito tem 30 pontos de recolha e 30 funcionários públicos que mantêm bancos de troca abertos durante todo o Verão.

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Enric Vives Rubio

Henrique Trigueiros Cunha, fundador do Movimento Reutilizar, não tem dúvida: “Se todos os distritos de Portugal seguissem o exemplo de Setúbal, o problema dos manuais escolares estava resolvido."

No distrito de Setúbal, que tem quase um milhão de habitantes e concelhos grandes como o Seixal, Almada e Barreiro, a associação de municípios regional inspirou-se no Seixal — que em 2005 lançou o projecto “Dar a Volta” na sua biblioteca municipal — e estendeu-o a todo o distrito em 2013, criando uma rede de bancos de troca de manuais nas 30 bibliotecas públicas e respectivos pólos. “É um caso exemplar”, diz Trigueiros Cunha, que desde 2011 é um empenhado activista da troca gratuita de manuais, ano em que abriu o banco-sede do movimento na Avenida da Boavista, no Porto.

“Não conheço nenhum outro distrito a trabalhar em rede”, diz. “Imagine se a Área Metropolitana de Lisboa, que tem [quase três milhões de habitantes] e 44 bancos de troca, funcionasse em rede?” Hoje, “só em Lisboa, há bancos a funcionar em juntas, bibliotecas, paróquias, clubes de futebol, associações religiosas, associações de moradores, casas de juventude…”, diz Trigueiros Cunha. “Como cada banco funciona à sua maneira, há queixas, sobretudo de que não cumprem os horários anunciados.”

Liliana Cunha, que trabalha no projecto coordenado pela Associação de Municípios da Região de Setúbal, explica que 3600 famílias recolheram manuais usados na rede distrital em 2015, num total de 4200 alunos beneficiados. A troca implica gastos, embora não directamente para as famílias, uma vez que há mais de 30 funcionários públicos que trabalham nas bibliotecas durante o Verão, para receber, fazer a triagem e entregar os livros. “É um serviço muito importante para a população, pois envolve poupança, respeito pelo ambiente, combate ao desperdício e solidariedade. Está tudo interligado.”

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