Kaspersky abandona queixa contra a Microsoft

As actualizações da Microsoft ao Windows 10 vão terminar a batalha de antivírus que começou em 2015.

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Desta vez, a Microsoft evitou um processo em Bruxelas Reuters/RICKEY ROGERS

A Kaspersky Labs e a Microsoft chegaram a tréguas na batalha dos antivírus: esta quinta-feira, a empresa de segurança informática russa concordou em abandonar a queixa de abuso de posição dominante contra a Microsoft, depois de a multinacional anunciar que ia alterar a forma como distribui a versão do seu antivírus – o Windows Defender – aos utilizadores.

O acordo termina uma disputa que começou em 2015, com a entrada do Windows 10 no mercado, e acentuou-se em Junho quando a Kaspersky formalizou uma queixa junto da Comissão Europeia. De acordo com o presidente da empresa russa, Eugene Kaspersky, a gigante norte-americana "esmagava a concorrência" ao dificultar o uso de antivírus além do Windows Defender (desenvolvido pela própria Microsoft). Após actualizações ao sistema, os antivírus eram todos removidos automaticamente, deixando apenas o Windows Defender a funcionar. Além disso, o sistema operativo da Microsoft apenas autorizava outros antivírus a avisar o utilizador sobre a data de fim da licença três dias depois de esta passar. 

O mês passado, no seguimento da queixa à Comissão Europeia, a Microsoft organizou uma conferência com parceiros antivírus para discutir melhor o tema. Agora, promete uma “evolução da abordagem do Windows aos antivírus”: a empresa norte-americana vai modificar a forma como informa os seus utilizadores sobre os antivírus que têm instalados (permitindo aque estes mostrem os seus próprios alertas), e vai trabalhar junto de outros criadores de antivírus para que possam desenvolver novas versões dos programas a tempo das datas de lançamento da Microsoft.

A Kaspersky confirma estar “satisfeita com a proposta de abordagem da Microsoft”. Num comunicado publicado esta quinta-feira, diz estar a “tomar todas as medidas necessárias para abandonar as queixas” apresentadas junto da Comissão Europeia e junto da autoridade alemã dos direitos do consumidor.

As mudanças da Microsoft vão estar disponíveis na actualização de outono do Windows 10.

Estamos satisfeitos por ter encontrado um ponto em comum com a Kaspersky Lab sobre as queixas levantadas na Rússia e na Europa”, conclui Rob Lefferts, um director de segurança da Microsoft, em comunicado sobre o assunto. “Estas discussões ajudam-nos a clarificar os nossos objectivos e planos de implementação.”

É um desfecho amigável. Ao longo dos anos, a Microsoft tem enfrentado várias outras sanções por práticas concorrenciais. Por exemplo, entre 2003 e 2004, a Comissão Europeia multou a Microsoft em 497 milhões de euros e ordenou a empresa a disponibilizar uma versão do Windows sem o programa de som e vídeo Windows Media Player. Já em 2013, a Microsoft foi multada em 561 milhões de euros por falhar o compromisso de oferecer uma forma para os utilizadores escolherem facilmente um browser além do Internet Explorer (a versão antiga do Edge, o actual browser da Microsoft).

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