Israel manda encerrar Al-Jazira

Televisão que é um ponto de discórdia entre o Qatar e outras monarquias do Golfo tornou-se um alvo também para Netanyahu.

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Reuters/AMMAR AWAD

Israel pretende revogar as credenciais dos jornalistas da Al-Jazira, fechar a sua redacção em Jerusalém e pôr termo às emissões da estação televisiva do Qatar nos canais de TV por cabo e satélite. O Estado israelita junta-se assim à pressão que quatro países do Golfo Pérsico têm estado a exercer sobre o Qatar.

Os planos revelados pelo ministro das Comunicações, Ayoub Kara, não parecem ter efeito imediato – há que iniciar os procedimentos burocráticos para que a saída da Al-Jazira se passe de forma legal. Esta expulsão da televisão panárabe tem como objectivo consolidar a segurança de Israel e "fomentar uma situação em que os canais em Israel façam notícias de de forma objectiva".

A Al-Jazira disse que os comentários de Kara não tinham qualquer fundamento e que irá tomar todas as medidas legais necessárias se o Estado de Israel cumprir as suas ameaças. "A Al-Jazira condena esta decisão, que vem no seguimento de uma campanha iniciada com um comentário recente do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu", disseram os responsáveis da televisão em comunicado.

No mês passado, Netanyahu afirmou que encerraria a redacção da Al-Jazira em Israel, acusando-a de incitar à violência em Jerusalém entre árabes e judeus.

Também em Julho, a Al-Jazira indicou que Israel apoiava quatro países árabes (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egipto e Bahrein), que cortaram laços diplomáticos e comerciais com o Qatar.

O ministro das Comunicações indicou que iria pedir ao gabinete de imprensa do Governo para retirar as credenciais aos jornalistas da Al-Jazira em Israel – cerca de 30 pessoas. E diz que os fornecedores de acesso por cabo e satélite já terão mostrado disponibilidade para deixar de incluir a televisão do Qatar na sua oferta. Acrescentou ter pedido ao ministro da Segurança Interna para encerrar os escritórios do canal no país. No entanto, um porta-voz do ministro disse que não achava que o mesmo tivesse a autoridade para o fazer. "Tente a polícia", disse o porta-voz.

Quando questionado se ao forçar o encerramento dos escritórios da Al-Jazira não passaria a mensagem de que Israel ataca a liberdade de imprensa, uma fonte próxima do primeiro-ministro disse que o país "aceita opiniões pluralistas mas não a promoção da violência".

"O primeiro-ministro não está satisfeito com o frequente incitamento que vemos e ouvimos na Al-Jazira, muito em língua árabe. Muito do que passa naquele canal é francamente perigoso", disse a fonte. "Em países democráticos há acções que caem na categoria do inaceitável e muito do que a Al-Jazira divulga e emite entra nessa categoria."

A Associação da Imprensa Estrangeira em Israel criticou as medidas planeadas. "Alterar a lei de forma a encerrar uma organização de comunicação social por motivos políticos é enveredar por caminhos perigosos", disse Glenys Sugarman, secretário-executivo da associação.

A estação televisiva do Qatar também foi alvo de censura por parte do Governo do Egipto. Em 2014, o Egipto aprisionou três trabalhadores do canal durante sete anos e fechou os seus escritórios. Dois dos funcionários foram libertados, mas o terceiro continua detido. 

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