PCP critica Governo por não reconhecer a Assembleia Constituinte
Comunistas avisam que se trata de uma “posição contrária aos interesses da comunidade portuguesa naquele país”, atribuindo ao executivo do PS a responsabilidade pelo que acontecer aos cidadãos nacionais ali residentes.
O PCP criticou esta quinta-feira a decisão do Governo português de acompanhar a posição da União Europeia de não reconhecer a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, considerando que é uma posição “contrária aos interesses da comunidade portuguesa naquele país” e também ao “necessário restabelecimento das condições da estabilidade política”.
Os comunistas colocam assim nos ombros do Governo – em especial do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva – a responsabilidade pelo que acontecer aos cidadãos portugueses que permanecem naquele país.
Na quarta-feira, Santos Silva afirmou que Portugal não pode reconhecer a Assembleia Constituinte eleita no domingo por se tratar de um “passo negativo” no processo de democratização da Venezuela, associando-se assim à posição da UE. “É necessário o regresso à normalidade constitucional, com pleno respeito dos poderes dos órgãos eleitos, pela separação de poderes, e é um apelo muito veemente da nossa parte para que as partes recusem e renunciem a qualquer forma de violência e se envolvam num processo político que resulte num compromisso: o regresso à normalidade constitucional na Venezuela e um calendário eleitoral que seja por todos aceite”, acrescentou.
Em comunicado, depois de ter sido questionado por diversos órgãos de comunicação social, o partido liderado por Jerónimo de Sousa defende que a segurança da comunidade portuguesa e luso-descendente residente na Venezuela, que se estima em cerca de meio milhão de pessoas, “implica a condenação das acções desestabilizadoras, terroristas e golpistas”. E estas são da autoria, segundo o PCP, da oposição venezuelana e da comunidade internacional que tenta intervir no processo.
Os comunistas têm reiterado o seu apoio ao presidente Nicolás Maduro e ao seu governo, incluindo a apresentação de dois votos de repúdio no Parlamento contra o que dizem ser as ingerências e a violência internacional contra a Venezuela – que foram rejeitados.
“É esta atitude de respeito pela soberania da Venezuela e da sua ordem constitucional – e não a contribuição para alimentar actos de ingerência que, indisfarçadamente, a Administração norte-americana e a própria União Europeia prosseguem – que contribuirá para, no respeito pela soberania da República Bolivariana da Venezuela, assegurar a normalização da situação naquele país”, reforça ainda o PCP.
Na passada segunda-feira, quando se conheceram os resultados das eleições de domingo, os comunistas portugueses exigiram ao Governo de António Costa uma “atitude de respeito pela soberania da Venezuela”.