Morreu Charlie Gard, bebé inglês no centro de uma disputa legal pelo seu tratamento

Os pais do bebé confirmaram a sua morte nesta sexta-feira, noticia a BBC. A criança sofria de uma doença terminal rara.

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Chris Gard e Connie Yates, pais do bebé que morreu esta sexta-feira LUSA/WILL OLIVER

Charlie Gard, o bebé britânico com uma doença terminal rara, morreu nesta sexta-feira. A notícia foi avançada pela Reuters, citando o tablóide britânico Daily Mail, e foi entretanto confirmada pelos pais. Na segunda-feira foi noticiado que os pais tinham aceitado desligar as máquinas de suporte de vida que tinham mantido a crinça a respirar, para não prolongar o sofrimento. Antes, Chris Gard e Connie Yates, os pais do bebé Charlie, travaram durante meses uma batalha judicial para conseguir transportar o bebé para os Estados Unidos, onde existia a possibilidade de um tratamento experimental — o que não foi permitido pela justiça inglesa. 

Depois de tomarem a decisão de desligar as máquinas de suporte de vida, o hospital negou que a criança pudesse morrer em casa, razão pela qual foi transferida para um hospício, onde acabou por morrer. "O nosso bebé lindo partiu, temos muito orgulho em ti, Charlie", escreveu a mãe da criança num comunicado emitido nesta sexta-feira e citado pela BBC.

Charlie Gard nasceu prematuramente a 4 de Agosto de 2016 – estaria, portanto, a uma semana de fazer um ano. À sexta semana de vida, os pais levaram a criança novamente ao hospital depois de se terem apercebido que o filho começara a perder peso e força muscular. O bebé de 11 meses sofria de síndrome de depleção mitocondrial, uma doença que afecta a capacidade das células para gerarem energia, podendo levar a danos cerebrais e má coordenação motora; no mundo existem apenas 16 pessoas diagnosticadas com a doença.

"Todos os nossos esforços foram por Charlie, só queríamos dar-lhe uma hipótese de viver", disse a mãe Connie Yates, citada pelo jornal britânico Guardian na segunda-feira. "A única razão para a deterioração muscular de Charlie foi o tempo", afirmou ainda. "Sabíamos que o tratamento podia resultar em Junho e o nosso pobre menino foi deixado no hospital sem tratamento enquanto se travavam batalhas no tribunal", acrescentou a mãe, atacando os juízes e os tribunais, e confessando que a decisão de ter deixado o seu filho "ir" foi a mais difícil da sua vida. 

A decisão de desligar as máquinas foi tomada depois de um médico norte-americano, especialista em doenças genéticas, ter visto o bebé e analisado os últimos exames que lhe foram feitos e aperceber-se que já seria demasiado tarde para testar qualquer tratamento, já que só causaria sofrimento inútil ao bebé. 

A longa batalha judicial travada nos últimos meses fez com que a família ganhasse votos de solidariedade não só no Reino Unido mas um pouco por todo o mundo. O Papa Francisco disse estar disposto a ajudar e o hospital pediátrico italiano Bambino Gesù colocou-se à disposição da família. Também o Presidente norte-americano, Donald Trump, ofereceu ajuda numa situação que a Casa Branca considerou ser "devastadora". 

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