Adobe anuncia o fim do Flash

O fim da linha para o Flash chega em 2020, mas há muito que o programa perdeu o protagonismo. Desde que a Apple deixou de utilizar o programa em 2010 que a sua popularidade para correr filmes e jogos online foi caindo.

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Em 2005 a tecnologia era utilizada por mais de 97% de computadores conectados à Internet REUTERS/Dado Ruvic

Depois do dia 31 de Dezembro de 2020, o programa Flash da fabricante de software norte-americana Adobe – outrora essencial para aceder à maioria do conteúdo online (especialmente vídeos e jogos) – deixará de ser actualizado e distribuído. O comunicado da empresa chegou terça-feira e não é inesperado.

Criado há mais de duas décadas, o Flash foi usado para desenvolver grande parte do conteúdo educativo, visual e lúdico online entre 1996 e 2010. Em 2005 – altura em que a Adobe comprou a criadora do Flash, a Macromedia, por cerca de 3400 milhões de dólares – a tecnologia era utilizada por mais de 97% de computadores conectados à Internet.

Desde que a Apple parou de utilizar o programa no iPhone em 2010, porém, que a sua popularidade tem vindo a diminuir. “O Flash foi criado durante a era dos computadores pessoais para computadores com ratos, não para ecrãs tácteis usados com dedos”, escreveu Steve Jobs numa carta aberta em que explicava a sua decisão. Por exemplo, muitos sites que usam Flash dependem de menus que aparecem quando o rato está parado num determinado ponto. Jobs também destacou problemas de segurança com o programa que obteve uma má avaliação da empresa de segurança Symantec em 2009.

“A era dos dispositivos móveis é sobre aparelhos que não gastam muita bateria, interfaces de toque e programas de código aberto – tudo áreas em que o Flash falha”, acentuou Jobs. Nos últimos anos, a maioria dos sites na Internet tem preferido utilizar sistemas em código aberto como o HTML5. Em 2012, a Adobe deixou mesmo de disponibilizar o Flash Player para o sistema operativo Android, pondo fim ao desenvolvimento desta tecnologia para dispositivos móveis. 

Olhando para dados actuais do Google Chrome (o navegador de Internet mais usado do mundo), a utilização de sites com tecnologia Flash desceu mais de 60 pontos percentuais desde 2014: há três anos, cerca de 80% dos utilizadores visitavam pelo menos um site Flash por dia, agora só 17% o fazem.

“A tendência mostra que os sites estão a migrar para tecnologias de código aberto, que são mais eficientes que o Flash”, explica Anthony Laforge, o responsável pelos produtos do Google Chrome, em comunicado. “Estas novas tecnologias são também mais seguras, para que o utilizador tenha segurança enquanto faz compras, operações bancárias, ou lê documentos com informação sensível online”.

Ainda assim, em 2017 diversos sites utilizam Flash (entre os quais o Facebook e o Google). Como tal, a Adobe promete que vai ajudar os clientes e parceiros a migrar para outros sistemas. “Muitas indústrias e negócios foram construídas em torno da tecnologia Flash – incluindo jogos, filmes e programas educativos –  por isso, continuamos comprometidos a desenvolver o Flash até 2020, enquanto os nossos clientes e parceiros realizam os planos de mudança”, lê-se no comunicado da empresa norte-americana. 

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