Traficantes contornam proibição de venda de ossos de tigre com a caça ilegal ao leão

O comércio de partes de leões criados em cativeiro é permitido em quantidades limitadas, mas a procura crescente fez disparar a caça ilegal.

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Os tigres estão teoricamente a salvo do comércio de ossos, mas o tráfico de ossos de leão gera confusão e dificulta o controlo por parte das autoridades Reuters/CHAIWAT SUBPRASOM

A proibição do comércio de ossos de tigre na China está a ser contornada pelos comerciantes asiáticos, que estão a vender ossos de leão, como se estes fossem de tigre, burlando os consumidores, para serem utilizados na elaboração de medicamentos tradicionais. A denúncia é feita pela Agência de Investigação Ambiental (EIA, na sigla original), uma organização sediada no Reino Unido, e é incluída num relatório divulgado por ocasião de um encontro na Suíça da Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas.

Esta convenção autoriza o comércio, em quantidades limitadas, de ossos de leões criados em cativeiro. A África do Sul é o maior exportador mundial. No entanto, a tradicional crença asiática nas supostas propriedades curativas dos ossos de tigre está a aumentar cada vez mais o recurso ao leão, fazendo disparar o seu preço e incentivando a caça ilegal desta última espécie.

“Os países africanos que não possuem instalações para a criação destes animais em cativeiro temem que o comércio dos produtos de leão possa ter um impacto negativo nas populações selvagens", disse à BBC Sabri Zain, responsável da organização Traffic, que inverstiga o comércio ilegal de animais selvagens. Grupos de ambientalistas em África temem mesmo a extinção da espécie.

De acordo com o Quartz, que cita dados do relatório, ao comércio dos ossos de leão aumentou significativamente nos últimos anos. Em 2008, foram vendidas 50 ossadas de leão. Já em 2015, o número tinha disparado para 800. 

A proibição chinesa não é recente, datando já de 1993. No entanto, e num quadro de crescimento do poder de compra dos consumidores chineses e de outros países do sudeste asiático, os traficantes viram-se cada vez mais para a venda de ossos de leão ou de leopardo para responder à procura por ossos de tigre, que nunca parou de crescer.

No seu relatório, a EIA refere que “é muito difícil para as autoridades distinguir quais são os ossos de tigre e os que são de leão”, sendo necessário recorrer a análises de ADN para saber a que espécie pertencem as ossadas. Muitas vezes, os ossos de várias espécies aparecem misturados, o que dificulta a sua detecção. 

Em Maio de 2016, segundo indica o relatório a título de exemplo, um homem foi detido no Vietname sob suspeita do transporte de 680 garras de tigre para o Laos. Porém, após um teste de ADN, as autoridades concluíram que eram garras de leão. 

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