“Acontece”, diz Carlos César sobre chumbo do relatório da CGD

No final da reunião da bancada do PS, o seu líder desvaloriza as confusões da véspera, tanto na comissão de inquérito sobre a Caixa como sobre o chumbo da proposta socialista sobre a floresta por uma aliança BE, PSD e CDS.

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“Trata-se evidentemente de uma falha do grupo parlamentar do PS”, reconhece Carlos César Nuno Ferreira Santos

“Acontece”. Foi assim que o líder da bancada do PS, Carlos César, respondeu nesta quarta-feira aos jornalistas, quando tentou explicar a ausência de dois deputados socialistas que levaram ao chumbo do relatório da comissão de inquérito sobre a recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos, elaborado pelo próprio PS.

“Trata-se evidentemente de uma falha do grupo parlamentar do PS”, reconhece Carlos César, sublinhando que tal aconteceu por “razões momentâneas e de expediente”, defendendo que importante era reter outro facto: “A conclusão política é que esse relatório teve o apoio da maioria do parlamento, do PS, do PCP e do BE.”

Sobre a ausência de dois deputados, Carlos César pediu outra “reflexão”. “Isso aconteceu devido à forma de funcionamento do Parlamento”, justificou, sustentando que numa sala ao lado estava, na audição do ministro da Ciência, uma das deputadas da comissão de inquérito – Susana Amador. E que “noutra sala ao lado estava outro deputado que era suplente mas podia ter participado na votação”, acrescentou, referindo-se a Luís Testa – e omitindo qualquer alusão à ausência de João Galamba, vice-presidente da bancada.

Portanto, conclui Carlos César, “estavam todos a trabalhar”. “Não estavam era na mesma sala naquele momento, e portanto estes acontecimentos têm o significado que têm, um significado meramente casual e não um significado político”, defende o presidente do PS.

Chumbado o relatório, é como se não existisse, e para que alguns efeitos não se percam, o Bloco anunciou nesta quarta-feira que irá enviar as conclusões para o Ministério Público. Mas o PS não vai fazer o mesmo: “O PS apresentou um relatório que é do conhecimento público, portanto, é do conhecimento do Ministério Público”, limitou-se a dizer.

Ao PÚBLICO, João Galamba explicou os motivos pessoais, de cariz familiar, pelos quais não estava presente naquele momento na comissão, mas recusou a sua divulgação pública. Criticou no entanto a atitude do PSD, que fez alterar a forma da votação – que garante ser sempre por bancada – para nominal já depois de ter começado. Segundo João Galamba, para recorrer desta decisão seria necessário convocar o plenário da comissão, o que não aconteceu por falta de consenso à esquerda.

“Continuamos a trabalhar” sobre reforma da floresta

Carlos César falava aos jornalistas no final da última reunião da bancada desta sessão legislativa, que aconteceu no rescaldo de dois reveses para o PS. Na véspera, ou melhor, já esta madrugada, o PS viu também ser derrotado outro documento seu, desta feita porque o BE se aliou ao PSD e ao CDS para chumbar a proposta socialista de alteração a alguns artigos da reforma florestal.

O BE não concordou com as alterações que o PS tinha feito à proposta original do Governo para obter o apoio do PCP, e que deixavam cair a entrada directa de terrenos sem dono registado no banco de terras, como pretendiam os bloquistas. Chumbado o projecto de alterações do PS, os socialistas acabaram a votar, já de madrugada, contra algumas das normas do projecto original do Governo, em relação ao cadastro e às propriedades sem dono.

Também este incidente Carlos César desvalorizou e afirmou que ainda tem esperança quanto ao outro desfecho: “Continuamos a trabalhar, temos feito cum trabalho muito construtivo com o PCP e o BE, sem esconder as diferenças que temos sobre alguns aspectos de detalhe dessas propostas que podem determinar uma posição global mais divergente, mas confiamos que no essencial estes diplomas e esta reforma merecerão uma aprovação esta tarde, é para isso que ainda estamos a trabalhar”.

Carlos César rejeita que o PS tenha ido longe demais nas negociações com os partidos à sua esquerda. “O PS não considera que esta proposta deva ser aprovada com quaisquer orientações. Há prioridades nesta reforma que devem ser acauteladas, há detalhes que são importantes que devem ser acautelados, esse trabalho tem sido feito e prolongou-se toda a noite, até às 7h da manhã, prosseguiu esta manhã, prossegue neste momento e vamos certamente ter um desfecho que corresponde ao sentido de responsabilidade de todos os partidos. No fim das votações, cada um de nós terá algo a dizer sobre aquilo que se passou”, afirmou.

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