PSD ataca política de comunicação do Governo em jantar de despedida de Montenegro

Líder do partido critica "lei da rolha" imposta pela ministra da Administração Interna.

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O secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, o presidente do Partido, Pedro Passos Coelho, e o líder parlamentar, Luís Montenegro, cujo sucessor é hoje eleito Lusa/Nuno Fox
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O tradicional jantar da bancada do PSD de fim de sessão legislativa transformou-se numa despedida do líder parlamentar. Luís Montenegro fez um tributo a Passos Coelho e o líder do partido retribuiu, embora contido, porque, como o próprio disse, gosta de “controlar” as emoções.

Nos discursos, os dois dirigentes atacaram a “política preferida” do Governo – a política da comunicação. Passos Coelho assumiu mesmo sentir-se frustrado com os “clichés” que são as respostas do Governo.

Na véspera de deixar a liderança de seis anos da bancada – a direcção vai a votos esta quarta-feira –, Luís Montenegro reiterou o seu apoio a Passos Coelho num discurso em quase deixou transparecer a emoção. Falando do direito que o PSD conquistou de governar em condições normais, o líder da bancada declarou: “O país merece essa oportunidade, o PSD merece essa oportunidde e Pedro Passos Coelho também merece essa oportunidade”. E disse apoiar Passos Coelho com “convicção”, e não só por “lealdade” ou “amizade”. Foi uma das notas pessoais do discurso em que o líder da bancada revelou que o presidente do partido não lhe pediu para exercer esse cargo.

No jantar de convívio, no restaurante do Parlamento, o ataque político foi directo para o Governo e as suas “fragilidades”. É um “Governo que é capaz de fazer uma sondagem para construir uma decisão. O que disser a sondagem é lei para este Governo”, apontou Montenegro.

A política de comunicação também foi o alvo de Passos Coelho. “É o tempo de demagogia política, a política preferida do Governo é a comunicação”, afirmou, referindo-se ao exemplo da decisão da ministra da Administração Interna de impor restrições às declarações dos comandantes de operações da Protecção Civil. Chamou-lhe a “lei da rolha” e rematou: “Assim é mais fácil ser bem sucedido na política de comunicação”.

O tempo de “retórica” e de “dissimulação”, como lhe chamou, suscita reacções ao líder do PSD. “Essa é a razão por que me desespero, e muitos de nós também, não porque quem governa tenha posições diferentes, mas porque governa sem nunca responder, anda a agitar papões sem ter a coragem de dizer por que faz isto ou aquilo”, admitiu, revelando mesmo sentir “frustração”, quando espera respostas, “debate após debate”, e recebe "clichés". “Como esses se clichés fossem suficientes para não terem de prestar contas”, disse, sublinhando por isso o desafio que a próxima direcção de bancada enfrenta nos próximos dois anos.

Em jeito de despedida ao líder parlamentar, Passos Coelho também quis publicamente deixar uma nota particular, embora assuma que não é dado “a referências de natureza pessoal”. “Emociono-me e também gosto de controlar as minhas emoções”, revelou. Elogiou como “brilhante e competente” a ultima intervenção de Montenegro no debate do Estado da Nação e qualificou como “articulação perfeita” a liderança da bancada com a direcção do partido. Por isso, concluiu, “só por modéstia” é que Montenegro pode dizer que ganhou o direito a estar no futuro do PSD – como afirmou numa entrevista ao Expresso de sábado -  “é muito mais do que isso”. E despediu-se, oferecendo uma fotografia do líder parlamentar a intervir na bancada do PSD.

Montenegro também já tinha oferecido uma serigrafia de um amigo seu ao líder do partido e a todos os deputados. Depois de discursos longos, à saída da sala, Passos Coelho ainda gracejou, sorrindo: “Eu hoje não podia falar menos que o Montenegro”.

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