Um manual em construção

Um espectáculo criado pela mala voadora e pelo dramaturgo espanhol Pablo Gisbert fechará este projecto transnacional coordenado pela Artemrede. Montijo e Alcobaça serão as paragens portuguesas.

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Labor #2 foi a primeira abordagem da Artemrede às questões do trabalho DR

A Manual On Work and Happiness é o primeiro projecto transnacional liderado pela Artemrede, associação cultural que junta 15 municípios da região de Lisboa e Vale do Tejo, com financiamento do programa Creative Europe e direcção artística da companhia mala voadora. Uma joint-venture – e um tema – que surgiram a partir de várias ligações. “Percebemos que havia uma coincidência de interesses entre a Artemrede e a mala voadora. Em 2015, quando apresentámos o programa, estávamos precisamente a desenvolver um projecto sobre o trabalho, o Labor #2, com o Teatro do Vestido”, explica Marta Martins, directora executiva da Artemrede.

O culminar deste projecto, que arrancou com o Seminário Internacional sobre Trabalho e Felicidade, acontecerá em 2018, com um espectáculo criado pela mala voadora, juntamente com o dramaturgo espanhol Pablo Gisbert. Serão quatro paragens, duas delas em Portugal, que incluem residências artísticas de um mês com as comunidades locais e respectivas apresentações: Patras, Montijo (Abril), Alcobaça (Maio) e Pergine. “O envolvimento da população local sempre foi uma área estratégica da Artemrede”, refere Marta Martins. Neste momento, tanto o texto como a encenação ainda estão em aberto. Em Agosto, numa residência de criação no L’Arboreto – Teatro Dimora, em Itália, Andrade e Gisbert vão começar a preparar este manual, que ficará depois disponível na plataforma amanualonworkandhappiness.eu, uma espécie de diário de bordo de todo o projecto.

“Cada cidade vai determinar cada espectáculo porque os intervenientes serão sempre novos e vão interpretar de maneira diferente o manual”, diz o encenador Jorge Andrade. “O que sabemos, por enquanto, é que vamos trabalhar com reformados e com pessoas que ainda não entraram no mercado de trabalho.” Para Pablo Gisbert, o importante é “ser adaptável” e “concretizar”. “O teatro não é um livro, é algo físico, é acção.”

Este projecto deu também origem a uma nova plataforma, a Southern Coalition, cujo objectivo é apostar na qualificação dos agentes culturais dos países envolvidos: Portugal, Itália e Grécia. Não é coincidência: “Esta coligação começou por ser acidental mas faz todo o sentido, pois o Sul da Europa foi muito afectado pela crise e o sector cultural viu as suas condições de trabalho a deteriorarem-se”, nota Marta Martins.

O PÚBLICO viajou a convite da Artemrede

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