Ordem alerta para internos otorrinos que dão consultas sozinhos em Santa Maria

"Os internos têm consultas em nome deles que aparentemente asseguram sozinhos desde que entram em otorrinolaringologia", afirmou o bastonário Miguel Guimarães.

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Rui Gaudêncio/Arquivo

Os internos de otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, dão consultas sozinhos, mesmo os que estão no início do internato, uma situação que a Ordem dos Médicos quer ver alterada.

O bastonário da Ordem realizou esta terça-feira uma visita àquele serviço do maior hospital do país, juntamente com elementos do colégio de Especialidade de Otorrinolaringologia e do Colégio Regional do Sul. A visita aconteceu na sequência de uma denúncia sobre o ambiente que se vive no serviço e sobre a formação dos internos.

"Os internos têm consultas em nome deles que aparentemente asseguram sozinhos desde que entram em otorrinolaringologia", afirmou o bastonário Miguel Guimarães à agência Lusa. Estes internos dão as consultas sozinhos e se necessitarem de ajuda contactam um médico especialista.

Segundo o representante máximo dos médicos, os internos não devem estar a dar consultas sozinhos, sobretudo quando se encontram na fase inicial de formação da especialidade.

"Vamos reunir e fazer recomendações para melhorar vários aspectos neste serviço", afirmou o bastonário, indicando que uma das questões a reverter é precisamente a de ter internos na fase inicial da formação na especialidade a dar consultas de modo autónomo.

Os elementos da Ordem dos Médicos apenas conseguiram ouvir os internos do serviço de otorrinolaringologia do Santa Maria, devendo mais tarde ouvir também os médicos especialistas do serviço.

Miguel Guimarães afirmou ainda que alguns dos problemas deste serviço do maior hospital do país se devem "à pressão excessiva sobre as pessoas", que têm "pouco tempo para desempenhar as suas tarefas". A par disso, foram detectados "tempos operatórios com sobrecarga de cirurgias".

Em Abril passado, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul veio a público acusar o serviço de otorrinolaringologia do Santa Maria de viver numa situação escandalosa de "mecanismos clientelares" e de "compadrio político". Em causa estava a nomeação do director do serviço de otorrino. Em resposta na altura, a administração do Centro Hospitalar que integra o Santa Maria garantia que a nomeação do director de serviço cumpriu a lei de forma irrepreensível. 

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