Faro, o futuro e o contributo do novo aeroporto

Faro já tem um aeroporto digno desse nome. Agora só precisa de descolar.

A capital do Algarve recebeu o primeiro-ministro para inaugurar a expansão do Aeroporto Internacional de Faro, um investimento superior a 35 milhões de euros que prepara a principal porta de entrada do turismo regional para os desafios do futuro.

Em 2016, o Algarve consolidou a liderança das regiões turísticas portuguesas com 18,1 milhões de dormidas (34% de quota no país) e uma subida de 9% (+1492,7 mil dormidas), face a 2015. Nos primeiros meses de 2017, estes números conheceram um incremento que contribui para combater a sazonalidade, dinamizar a economia e fortalecer o emprego.

Porém, há muito a fazer, como a integração do Aeroporto Internacional de Faro na rede de mobilidade do Algarve com a sua ligação à rede ferroviária, uma prioridade que embora assumida pelo Governo, que saudamos, deve ser antecipada, desejando profundamente que os estudos de impacte ambiental necessários e obrigatórios apontem a melhor solução para a sua implementação. Trata-se de uma obra fundamental para quem nos visita, para os residentes e para as empresas, onde Faro acolherá os benefícios da ligação direta do aeroporto à cidade e da valorização da zona ribeirinha.

Com a conclusão da primeira parte das obras de requalificação da EN125, entre Olhão e Lagos, foi dado mais um passo importante, depois da conclusão das obras da variante de Faro, permitindo retirar da cidade muitos milhares de veículos de passageiros e de mercadorias, dignificar a função de principal polo de prestação de serviços públicos e potenciar o centro histórico e a Ria Formosa para as atividades económicas e para as pessoas.

Nos últimos anos, devido à ausência de visão estratégica e de capacidade empreendedora, a cidade acomodou-se, quando deveria assumir um papel de liderança do Algarve, rentabilizando o dinamismo da universidade, das empresas e dos serviços aqui sediados para criar valor e puxar pela região.

Portugal acolhe a Cidade Europeia da Cultura em 2027, e Faro — com a proximidade dos grandes centros europeus que o aeroporto lhe proporciona, com a confluência de culturas que marcam a sua identidade de hoje e de ontem e o seu cosmopolitismo — tem todas as condições para agregar a região e promover uma candidatura disruptiva e ganhadora.

O Algarve demonstra todos os anos a sua capacidade para fazer mais e melhor, registando médias de crescimento do Produto Interno Bruto acima dos valores nacionais, conquista prémios internacionais e consolida-se como marca de confiança entre os consumidores. Imagine-se aquilo que seria possível com mais descentralização e com lideranças municipais alinhadas com políticas públicas progressistas. Imagine-se o que seria uma região com uma visão global, com uma voz una, em que Faro, por inerência da sua capitalidade, liderasse os interesses regionais e afirmasse o papel estruturante do Algarve no contexto nacional.

Dada a sua centralidade no Algarve e a necessidade de responder de forma eficaz e permanente a mais de 60% da população da região, Faro, com uma visão integrada de futuro, deve coordenar, impulsionar e gerir a partilha de vários serviços comuns afirmando a sua capitalidade. Faro já tem um aeroporto digno desse nome, agora só precisa de descolar.

O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico

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