Incêndio de Alijó reduzido de quatro para duas frentes activas

Agricultores desesperam ao ver propriedades a arder.

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No terreno encontram-se cerca de 450 operacionais LUSA/PEDRO COSTA

As frentes do incêndio de Alijó, no distrito de Vila Real, foram reduzidas de quatro para duas, ao final da manhã desta segunda-feira, com a situação a "correr favoravelmente", informou o comandante operacional no terreno.

Pedro Nunes deu conta, por volta das 12h, de que o incêndio, que começou na madrugada de domingo, tem duas frentes activas, em Agrelos e Carlão. No entanto, e ao princípio da tarde, as chamas atingiram a aldeia de Santa Eugénia, obrigando à evacuação de um lar de idosos, segundo mostrava a RTP.

O dispositivo no terreno mantém-se desde o início da manhã, com quatro aviões pesados e dois helicópteros ligeiros, estando previsto o reforço dos meios aéreos com o Canadair espanhol. No terreno encontram-se cerca de 450 operacionais apoiados por cerca de 140 veículos e oito máquinas de rasto e pelotões do Exército.

O fumo que envolvia a zona pela manhã começou a dissipar-se. Relativamente aos prejuízos causados pelo incêndio, o comandante operacional disse esta segunda-feira de manhã que é uma avaliação que ainda não está feita e as "situações estão monitorizadas e avaliadas pelo serviço municipal de Protecção Civil".

Agricultores perdem tudo

Ao longo da manhã, a Lusa ouviu várias pessoas que afirmaram terem perdido tudo nas propriedades agrícolas, desde vinha a castanheiro, pinheiros, numa zona que vive da agricultura. "Fiquei sem nada, perdi tudo: pinheiro, castanheiros...", desabafava Sónia Cardoso, junto a outros moradores, no cruzamento de Chã, que dá acesso a várias aldeias. Sónia Cardoso tem propriedades nas quatro frentes do fogo e nos quatro sítios, diz ter ficado sem nada.

"Só tenho a casa para viver e estamos nós, que é o que interessa", continuou. Está a falar e ainda está a tremer, mas outro alento lhe ficou. Ao longo da tarde de domingo, na fase pior do incêndio e quando as autoridades cortaram todos os acessos, não pôde ir ver as propriedades e uma das suas principais preocupações, os cães. "Os meus cães ficaram a salvo", contou, aliviada.

O mesmo relato de António e Celeste, outro casal que viveu momentos de pânico na tarde de domingo. António fechou-se na casa de banho de casa. "Já estava a entrar em pânico, já estava a sentir-me intoxicado com o fumo", contou. Nessas horas, "não havia saída para lado nenhum, estava tudo cortado", relatou, referindo-se às estradas e acesso encerrados devido às chamas.

Celeste conta o que viu quando pôde deslocar-se às propriedades agrícolas. "Arderam-me vinhas, castanheiros, tudo ali acima", aponta, referindo-se à área da zona industrial, onde "ainda arderam pavilhões e o pavilhão dos frangos".

Há ainda relatos de uma casa ardida onde vivia um idoso e de vário equipamento agrícola, nomeadamente tractores. O cenário de domingo é o que prevalece nas conversas.

"Isto estava péssimo, nem sabia de onde é que vinha o fogo", rematou António. As fagulhas e o fumo preenchiam esta segunda-feira de manhã o horizonte desta zona do concelho de Alijó, mas a situação está "francamente melhor", segundo o comandante operacional no terreno, Pedro Nunes, ressalvando que as chamas ainda não estão dominadas e que há quatro zonas "que inspiram bastantes cuidados".

Ao início da manhã, não havia nenhuma povoação em perigo e o Itinerário Complementar n.º 5, que tinha sido cortado, no domingo, estava reaberto ao trânsito de forma condicionada.

No domingo foram retiradas da localidade de Vila Chã algumas pessoas, como medida preventiva, que durante o período nocturno já regressaram a casa.

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