Sky, uma equipa mecanizada na arte de resolver avarias

Chris Froome voltou a debater-se com problemas mecânicos na Volta a França, numa altura em que Romain Bardet tentava descolar.

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LUSA/GUILLAUME HORCAJUELO

Os instantes que se seguiram à chegada de Bauke Mollema (Trek-Segafredo) à meta instalada em Le-Puy-en-Velay foram de algum suspense. Chris Froome (Sky), o camisola amarela e principal favorito ao triunfo no Tour, vinha bem mais atrás a tentar minimizar os efeitos de mais um revés mecânico e impunha-se perceber que consequências o (novo) episódio poderia ter na classificação geral. Graças à capacidade de resposta do britânico, e acima de tudo ao trabalho incansável da dupla Mikel & Mikel, o topo da pirâmide não sofreu alterações, cumprida que está a 15.ª etapa.

Já lá vamos ao vencedor do dia. Antes, convém desenhar um retrato do momento que agitou a tirada de 189,5km, que partiu de Laissac-Sévérac-l’Église, uma pequeníssima localidade com pouco mais de 2000 habitantes. No sopé da determinante subida de primeira categoria prevista no traçado, a cerca de 36km do final, Froome debateu-se com um problema na roda traseira. Ele, que nesta 104.ª edição da Volta a França já tinha tida uma avaria mecânica, na 9.ª etapa, precisava novamente de um reboque urgente e competente. E teve-o.

Com o carro da Sky ainda longe, foi Michal Kwiatkowski quem cedeu a roda ao chefe de fila, não sem antes já se terem evaporado 45 segundos. Era preciso subir os 8,3km do Col de Peyra Taillade a todo o gás para perseguir o grupo de líderes, constituído essencialmente pela AG2R, determinada em garantir uma distância confortável para o também candidato ao maillot jaune Romain Bardet.

Foi então que entraram em cena os espanhóis Mikel Nieve e Mikel Landa, que se deixaram ficar para trás para escoltar Froome até ao topo, deixando-o em boa posição para controlar os danos. O vencedor das edições de 2013, 2015 e 2016 ainda conseguiu responder a um ataque de Bardet e, apesar do 28.º lugar, foi capaz de segurar a camisola amarela.

“Foi um momento stressante, porque não sabia se conseguiria recuperar. A AG2R fez a sua corrida e fê-la de forma veloz. Dei o meu máximo para me aproximar do grupo da frente e só posso agradecer aos meus companheiros pela ajuda”, sublinhou Chris Froome, que ficou a 6m25s de um vencedor inédito no Tour.

Indiferente à luta pelo pódio em Paris, Bauke Mollema já tinha na mão a sua versão da Volta a França. O holandês de 30 anos, que até este domingo tinha como cartão de visita uma etapa na Vuelta de 2013, arriscou com uma aceleração que poderia tê-lo desgastado precocemente, mas conseguiu aguentar até final.

“É incrível. Trabalhei tanto para isto ao longo dos últimos anos. Era um grande objectivo. Fiz a primeira subida a toda a velocidade e depois arrisquei nos últimos 30km. Foi muito tempo a pedalar sozinho e os perseguidores aproximaram-se na parte final, mas consegui”, exultou Mollema, que não teve dúvidas em descrever o feito como “a maior vitória da carreira”.

Na segunda-feira cumpre-se o segundo dia de descanso na prova, antes das etapas de montanha que serão decisivas, nos Alpes. E Froome, do alto da liderança, apresenta pelo menos uma certeza: “Os meus rivais é que têm de atacar”.     

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