Berardo comprou colecção de arte africana do artista plástico Eduardo Nery

Compra estava a ser negociada com os herdeiros do artista há quatro anos, e foi efectivada esta semana.

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José Berardo NFS - Nuno Ferreira Santos

O coleccionador José Berardo comprou a colecção de arte africana do artista plástico Eduardo Nery (1938-2013), composta por cerca de um milhar de peças, entre as quais máscaras, esculturas, cerâmicas, e outros objectos, revelou esta sexta-feira o empresário à agência Lusa.

De acordo com o coleccionador, a aquisição da colecção — na qual estão representadas 153 etnias dos povos africanos subsaarianos — estava a ser negociada com os herdeiros do artista há quatro anos, e foi efectivada esta semana, mas escusou-se a avançar os valores envolvidos na compra.

A colecção é também composta por tecidos, peças de mobiliário e instrumentos de música, destacando-se as máscaras e esculturas dos Camarões, Guiné Bissau, República Democrática do Congo (antigo Zaire), Costa do Marfim, Nigéria ou Guiné.

José Berardo já possui uma vasta colecção de arte africana que está dispersa pelos museus privados na Bacalhoa, em Azeitão, no Underground Museum, na Anadia, ligados ao enoturismo, e na Madeira.

Questionado pela Lusa sobre o futuro da Colecção de Arte Africana de Eduardo Nery, e se tenciona criar um museu exclusivamente dedicado a esta área, em Portugal, Berardo disse que tem "esse projecto muito especial" em mente, e que será concretizado "a seu tempo".

"Tenho um afecto especial por África e pela cultura africana e, por isso, vou adquirindo as colecções de pessoas que dedicaram a sua vida a coleccioná-la e a investigá-la, como foi o caso de Eduardo Nery", comentou.

Eduardo Nery coleccionou arte africana, não por ter uma ligação especial àquele continente, mas, como explicava nas entrevistas que deu, porque tinha uma "conexão afectiva e espiritual", com as peças africanas, pelo fascínio que aquelas civilizações lhe despertavam.

Nascido na Figueira da Foz, o pintor começou a interessar-se pela cultura africana ainda muito jovem, primeiro através do Jazz, e mais tarde nas visitas aos museus e nos livros, começando a comprar peças por intuição, com um critério muito pessoal, desde o erudito ao popular.

Ao longo de 2009, a Câmara Municipal de Lisboa apresentou, no Pátio da Galé, exposições de alguns dos maiores coleccionadores de arte africana em Portugal, como José Berardo, Eduardo Nery e José Guimarães.

 

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