Líderes mundiais prestam homenagem a Liu Xiaobo e pedem libertação da sua mulher

Os governos dos EUA, França, Reino Unido e Alemanha pediram a Pequim que liberte a mulher do dissidente chinês e nobel da Paz que morreu esta quinta-feira.

Foto
Reuters/BOBBY YIP

Multiplicam-se as reacções à morte do do dissidente chinês e Nobel da Paz Liu Xiaobo. Muitos governos e responsáveis mundiais tentam agora salvar Liu Xia, mulher de Xiaobo, que se encontra em prisão domiciliária desde que o activista foi condenado, em 2009, a 11 anos de prisão.

Rex Tillerson, secretário de Estado dos Estados Unidos, apelou a Pequim para que liberte a mulher de Liu Xiaobo, Liu Xia. “Hoje, junto-me àqueles que na China e em todo o mundo fazem luto pela morte trágica do vencedor do Nobel da Paz em 2010, que morreu enquanto cumpria uma longa pena de prisão na China por promover uma pacífica reforma democrática”, afirmou um comunicado citado pela Reuters. “Peço ao Governo chinês que liberte Liu Xia da detenção domiciliária e que a deixe sair do país, de acordo com os seus desejos”, diz ainda Tillerson.

Com a morte de Liu Xiaobo, a “China perdeu um modelo com princípios profundos que merecia o nosso respeito e adulação, não as penas de prisão a que foi sujeito”, afirmou, por sua vez, o embaixador dos EUA em Pequim, Terry Branstad.

O dissidente estava internado desde Junho, pouco depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro de fígado em fase terminal. A família fez saber que desejava ser tratado no estrangeiro, o Governo recusou, insistindo na recusa até mesmo ao fim, quando finalmente permitiu que fosse consultado por médicos estrangeiros, um alemão e um americano, que aconselharam a transferência para a Alemanha, onde Liu poderia receber melhores cuidados paliativos. 

Pouco tempo depois de ter sido conhecida a condenação do activista, a sua mulher, a poeta e fotógrafa Liu Xia, passou a estar em prisão domiciliária; segundo os amigos, vive há anos numa depressão profunda.

A chanceler alemã Angela Merkel recordou um “lutador corajoso pelos direitos civis e pela liberdade de expressão”.

A França juntou-se também aos apelos para que Pequim liberte a mulher de Xiaobo e que deixe a sua família movimentar-se livremente. “Apesar de longos períodos de detenção e por mais de 30 anos, ele nunca parou de defender, com coragem, os direitos fundamentais e a liberdade de expressão”, recordou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, em comunicado citado pela Reuters.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussei, apelou à libertação de Liu Xia e recordou Xiaobo: “Apesar da detenção e da separação da mulher que ele adorava, o que o poderia ter enchido de raiva e amargura, Liu Xiaobo declarou que não tinha ódio por aqueles que o condenaram e perseguiram”. António Gueterres, secretário-geral das Nações Unidas, manifestou “profunda tristeza” com a morte do activista e dissidente chinês, informou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

Tsai Ing-wen, Presidente de Taiwan, disse na sua página de Facebook que tem esperança de que, agora, a China possa promover uma reforma polícia: “Apenas através da democracia, na qual todos os chineses têm liberdade e respeito, pode a China tornar-se um país verdadeiramente orgulhoso e importante”.

Do Reino Unido coube a Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros, a homenagem a Liu Xiaobo, ressalvando que este deveria ter sido libertado mais cedo para recorrer a tratamentos médicos: “Liu Xiaobo deveria ter tido permissão para escolher o seu próprio tratamento médico no estrangeiro, o que as autoridades chinesas recusaram repetidamente".

Sugerir correcção
Ler 2 comentários