Com os contentores cheios, o lixo em Matosinhos tem de ir para o chão

Munícipes queixam-se de falhas na recolha de resíduos sólidos urbanos em todo o concelho. Desde o início do mês, há zonas onde alguns moradores dizem só terem sido recolhidos uma vez.

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Dezenas de sacos com lixo espalhados pelo passeio, contentores abertos e ecopontos a transbordar de plástico. Desde o início do mês, tem sido este o cenário junto de inúmeras zonas de depósito de lixo doméstico em todo o concelho de Matosinhos. Os munícipes não estão satisfeitos e reclamam por melhores condições de salubridade. A câmara diz que a culpa é da “falta de organização” do novo concessionário de recolha de resíduos sólidos no concelho. A Rede Ambiente, empresa a quem foi atribuída a concessão, diz que a falha se deve a um processo de adaptação e garante que a partir dos próximos dias o serviço estará a funcionar em pleno.

Maria Oliveira vive na Rua Sarmento Pimental, na linha de praia de Leça da Palmeira desde 1993. Em quase 25 anos diz nunca ter assistido a algo semelhante. Os contentores de depósito de lixo na rua onde habita estão cheios até cima. O lixo não só enche os receptáculos como se espalha pelo passeio. Parecido, “só em dias de greve”. Não é o caso. “Há dias que não recolhem o lixo. De vez em quando vêm recolher o que está espalhado na rua, mas o que está nos contentores fica lá”, diz. No dia seguinte, “volta tudo a ficar como estava”.

Nas imediações o cenário é semelhante. Há pelo menos mais quatro áreas com contentores e ecopontos por onde não passaram os serviços de recolha de resíduos. “As tampas dos caixotes não fecham, o lixo está espalhado pela rua e isso atrai moscas e outros insectos. Já para não falar no cheiro que se espalha”, refere.

Do mesmo se queixa Madalena Silva, proprietária de um restaurante na mesma rua. Naquela zona de Leça existem vários estabelecimentos na área da restauração, o que agrava o problema, por serem negócios que produzem muito lixo. “Quando cheguei de manhã, o cenário era igual ao da hora em que daqui saí” (no dia anterior). Com a praia a poucos metros são muitas as gaivotas que diz concentrarem-se em torno do lixo. O restos de refeições dos restaurantes que são depositados junto aos contentores de depósito de resíduos atraem também alguns animais como cães e gatos, conta.

“Desde o início do mês, só cá passaram uma vez para recolher o lixo”, garante. Em Lavra, onde reside, afirma não ser muito diferente: “Quando saí de casa reparei que continuava tudo sujo”.

É assim um pouco por todo o concelho: em Lavra, Leça da Palmeira, Senhora da Hora, Guifões ou Matosinhos. Contudo, desde esta quarta-feira verificaram-se algumas melhorias. Os serviços de recolha passaram por alguns bairros destas freguesias e recolheram o lixo depositado em alguns pontos, embora continue a verificar-se alguma descoordenação. Há urbanizações, como é o caso das que estão próximas do Hospital Pedro Hispano ou na Cruz de Pau, onde os contentores que estão à face da estrada foram intervencionados, enquanto que os que estão em zonas mais interiores, tapados pelos prédios, continuam com o mesmo problema. Os ecopontos de depósito de plástico continuam cheios, mesmo em áreas por onde já passaram os serviços

A concessão da Rede Ambiente teve início a dia 1 de Julho, altura em que se começaram a verificar falhas na recolha dos resíduos sólidos urbanos. Nos últimos 16 anos, o serviço foi assegurado ao abrigo de dois contratos: “um para a zona poente, celebrado a 30 de Outubro de 2000, e outro para a zona nascente, celebrado em 14 de Setembro de 2007”.

Diz a autarquia que estes lapsos decorrem do processo de transição dos serviços para outra empresa. “Anomalia” que atribuiu a “falhas de organização e de meios patenteadas pela nova empresa concessionária”.

Para acelerar e repor o mais rápido possível a normalidade dos serviços, a câmara intensificou o acompanhamento da recolha de resíduos em todo o concelho, no sentido de “atenuar e resolver situações mais graves”. Foram ainda estipulados prazos para a resolução das falhas detectadas, sendo que serão imputadas ao concessionário “as sanções decorrentes da violação das obrigações contratuais assumidas”.  

O administrador da Rede Ambiente, Paulo Renato Reis, diz que a bom ritmo a situação estará resolvida, assegurando que já a partir desta quarta-feira terá melhorado. Admite terem existido falhas, “sobretudo nos primeiros quatro dias”, que estão a ser “gradualmente” corrigidas. Assume também qualquer responsabilidade que a autarquia imputar à empresa decorrente de falhas do funcionamento do serviço.

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