Star é o musical "feminino" do criador de Empire, mas terá a mesma força?

O drama musical criado por Lee Daniels, sobre três amigas que tentam entrar no mundo da música, chega esta quinta-feira à Fox Life. Queen Latifah e Lenny Kravitz fazem parte do elenco de mais uma "série negra em TV branca".

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Jude Demorest, Ryan Destiny e Brittany O'Grady DR

Vivemos actualmente o auge da diversidade racial na televisão, com séries como Scandal, Como Defender um Assassino ou Black-ish a tomarem conta do horário nobre. Empire tirou partido da onda de vanguarda do movimento de inclusão e tornou-se um grande sucesso na televisão americana. É também do criador daquele drama musical que agora nos chega Star, série centrada na protagonista que lhe dá nome, interpretada por Jude Demorest, que sonha formar uma girlband com a irmã rebelde, Simone (Brittany O’Grady) e a melhor amiga que nunca conheceu pessoalmente, Alexandra (Ryan Destiny).

As semelhanças entre Empire e Star são evidentes. As duas séries ancoram-se na música para contar uma história desenhada por Lee Daniels (Precious, The Butler) e contam com um elenco que reúne actores e cantores novatos e experientes. Tal como acontece em Empire, série que se centra na disputa de poder pela sucesso na editora de hip-hop do mesmo nome, em Star predominam temas como a ambição, a ganância e as dificuldades da indústria. Mas este é mais um exemplo de “série negra em TV branca” e não poderia deixar de falar de racismo e de preconceito.

O USA Today aponta que “a ênfase dada à etnia das protagonistas [Star é branca, Simone é mestiça e Alexandra é negra] é essencial a uma história que troca de modo intrigante os habituais estereótipos de Hollywood, ao pôr a rapariga branca a virar-se para mulheres negras, ricas e pobres em busca de ajuda e conselhos”. O trio une-se em torno da madrinha de Star e Simone, Carlotta (Queen Latifah), uma cabeleireira que tem o seu próprio salão e cujo sonho de estrelato descarrilou devido à morte da sua parceira musical, a mãe das protagonistas. Carlotta vai ajudá-las a navegar um mundo que já conhece de antemão e protegê-las do seu antigo agente, Jahil (Benjamin Bratt), que vê no potencial da girlband uma forma de subir na vida.

É, aliás, a performance de Queen Latifah que tem arrancado elogios na imprensa especializada. “Sem surpresas, a única performance que nos cativa imediata e incondicionalmente é a de Queen Latifah, introduzida por um solo numa igreja que marca o momento raro em que a interpretação e a música se cruzam”, escreve a The Hollywood Reporter. Por seu turno, a Variety nota o trabalho pouco convincente de Jude Demorest, “que sabe cantar, mas tal como os restantes membros mais novos do elenco é uma actriz com pouca experiência e mostra uma performance unidimensional e estridente.”

A revista especializada aponta ainda a incoerência da montagem da série, que “frequentemente usa a transição para uma espécie de lustrosa sequência de videoclip como Glee costumava usar nos seus episódios”, e reconhece que “as cenas em estilo de documentário não se encaixam com o rápido trabalho de câmara feito nos videoclips”. Star conta com Naomi Campbell e Lenny Kravitz no papel de pais de Alexandra, mas o peso destes dois nomes parece ser fogo-de-vista e não é o suficiente para conquistar os críticos. “Para uma série sobre música, erra muitas notas."

Ao contrário de Empire, que aborda o sucesso em Nova Iorque, Star é uma espécie de prequela que mostra os bastidores do caminho que é preciso percorrer até chegar ao topo da indústria. Mas, tal como os vários projectos de Lee Daniels, a série alimenta-se do comentário racial e cultural e espera que isso seja suficiente para despertar a curiosidade do espectador. Star estreou-se em Dezembro do ano passado nos Estados Unidos e foi renovada para uma segunda temporada com data de estreia prevista para 27 de Setembro.

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