As demissões não são quando Costa quer

Já tinha havido duas saídas com polémicas à mistura: a do ministro João Soares e a do secretário de Estado João Wengorovius.

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António Costa já teve de enfrentar outras demissões no seu mandato Nuno Ferreira Santos

O primeiro-ministro chega de férias e, como se não bastasse ter um país à beira de um ataque de nervos, depois de semanas desgastantes com a Tragédia de Pedrógão Grande e o assalto aos paióis de Tancos, caem-lhe no colo três demissões: as dos secretários de Estado da Internacionalização, dos Assuntos Fiscais e da Indústria, Jorge Costa Oliveira, Fernando Rocha Andrade e João Vasconcelos.

Neste caso, tal acontece, justificam os governantes, porque solicitaram ao Ministério Público a constituição como arguidos no inquérito relativo às viagens para assistir a jogos do Euro 2016. Recorde-se que os três secretários de Estado aceitaram, no ano passado, convites da Galp para assistir a jogos da selecção nacional no campeonato europeu de futebol. 

O primeiro-ministro, António Costa, aceitou, mesmo tendo deixado nas entrelinhas a ideia de qual tal não seria necessário: "Ponderando a vontade manifestada pelos senhores secretários de Estado, a avaliação que fazem das condições para o exercício de funções e de modo a não prejudicar o seu legítimo direito de defesa, decidi aceitar o pedido de exoneração, apesar de não ter sido deduzida pelo Ministério Público qualquer acusação, nem consequentemente uma eventual acusação ter sido validada por pronúncia judicial".

Esta não é, porém, a primeira vez que Costa vê membros da sua equipa saírem, por polémicas que se agigantam e que lhe são alheias. A primeira baixa foi a do então ministro da Cultura, João Soares, que, no Facebook, prometeu umas bofetadas aos colunistas Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente. A polémica escalou de tal forma que o próprio António Costa veio pedir desculpa e deixar um alerta: “Já recordei aos membros do Governo que, enquanto membros do Governo, nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo." Seguiu-se um pedido de demissão de João Soares e Costa “naturalmente” aceitou. Mesmo que não o quisesse, teve de ser.

Quem ocupou o lugar de João Soares foi o embaixador Luís Filipe Castro Mendes. Na mesma cerimónia, tomaram ainda posse o novo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado e o novo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo.

Este governante substituiu João Wengorovius Meneses que, no meio de uma polémica sobre as razões pelas quais saía, também usou o Facebook para apresentar justificações, mostrando “profundo desacordo com o senhor ministro da Educação no que diz respeito à política para a juventude e o desporto e ao modo de estar no exercício de cargos públicos”.

Já este ano, houve duas alterações no Governo. O Ministério das Finanças passou a ter mais um elemento: Álvaro Novo como secretário de Estado do Tesouro. O governante ficou com o sector empresarial e o património público que estavam, até à data, com Ricardo Mourinho Félix – que, por sua vez, passou a secretário de Estado Adjunto e das Finanças (em vez de Adjunto, do Tesouro e das Finanças).

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