Professora suspeita de divulgar enunciado de exame estará identificada

Tópicos do enunciado circularam por WhatsApp. Prova não foi anulada. O caso está a ser investigado pelo Ministério Público e pela IGEC.

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A professora que divulgou informações da prova realizada por mais de 70 mil alunos é de Lisboa Daniel Rocha/ARQUIVO

A professora suspeita da ser fonte da suposta fuga de informação do conteúdo do exame nacional de Português do 12.º ano já foi identificada pelas autoridades, noticia o semanário Expresso neste sábado. No mês passado, uma aluna divulgou uma gravação áudio através da aplicação WhatsApp em que relatava parte do conteúdo que iria constar do exame nacional, informação que tinha sido revelada pela professora em questão.

O caso está a ser investigado pelo DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) e pela Inspecção-Geral da Educação e da Ciência (IGEC), depois de o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), responsável pela elaboração dos exames e pela sua aplicação, ter anunciado que iria enviar para a IGEC e para o Ministério Público todos os dados relativos à denúncia.

O Expresso escreve que se trata de “uma professora de uma escola pública da Grande Lisboa que há vários anos participa no processo de elaboração e revisão das provas”, e que também dá explicações a alunos do ensino secundário. Em anos anteriores, já tinha havido suspeitas de que a docente tinha transmitido informações aos alunos sobre o que sairia nos exames, mas não ficou comprovada qualquer irregularidade.

Dias antes do exame, uma mensagem áudio divulgada por aluna, que será estudante em Lisboa, dava pistas sobre o enunciado: "Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo e só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive. E pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória...”

A informação revelou-se certeira: o autor escolhido foi mesmo Alberto Caeiro e o tema da composição foi sobre a importância da memória.

O exame, que foi feito por 74 mil alunos a 19 de Junho, pode ser usado por milhares de alunos como prova de ingresso no ensino superior.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, informou que a prova não seria anulada, mesmo confirmando-se as suspeitas de fuga de informação. Ainda assim, declarou que “se alguém saiu beneficiado, sofrerá as consequências previstas no regulamento”, garantindo que “o Ministério agirá civil, disciplinar e criminalmente contra o seu autor ou autores”.

Secretismo em torno dos exames

O Expresso recorda que pouco mais de dez pessoas têm acesso ao enunciado final do exame e que todos os que participam na revisão, produção e distribuição dos enunciados estão obrigados a assinar um acordo de confidencialidade. Enquanto participam na elaboração e revisão científica das provas, os professores estão proibidos de levar consigo o telemóvel.

Por cada disciplina são feitos pelo menos três enunciados, não se sabendo previamente, em princípio, qual será escolhido para cada fase. Depois de impressos numa tipografia do Ministério da Educação, os exames são guardados em cofres da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana. No dia do exame, os enunciados são levados para as escolas, sob escolta policial, em envelopes invioláveis.

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