Depois de noite de "anarquia" e "caos" em Hamburgo, G20 amanhece com a polícia em controlo

Confrontos, pilhagens e incêndios no bairro de Schanzenviertel. Balanço actual é de cerca de 200 polícias feridos e dezenas de detidos. Durante o dia, a maioria dos manifestantes protestou pacificamente.

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Os confrontos em Schanzenviertel PAWEL KOPCZYNSKI/Reuters
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As pilhagens num supermercado OMER MESSINGER
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O rescaldo, esta manhã numa das lojas pilhadas RONNY WITTEK
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Os manifestantes levantaram o pavimento na noite de sexta-feira CLEMENS BILAN
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O rescaldo, esta manhã numa das lojas pilhadas CLEMENS BILAN
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O rescaldo, esta manhã, no bairro de Schanzenviertel CLEMENS BILAN

Já com os responsáveis das maiores economias do mundo a trabalhar em Hamburgo, a primeira noite de G20 foi mais uma vez marcada pelos confrontos entre polícia e manifestantes. “Anarquia”, escreve o Die Welt, “caos”, titula o Frankfurter Allgemeine para descrever a noite de sexta-feira para sábado na cidade, com a agência Reuters a declarar que a polícia ganhou vantagem na manhã deste sábado. O epicentro dos confrontos, envolvendo membros do grupo anticapitalista Black Bloc, foi o bairro de Sternschanze, também conhecido como Schanzenviertel.

O balanço, à hora de publicação desta notícia, é de um total de 197 polícias feridos em dois dias, com 19 pessoas presas e dezenas temporariamente detidas, informa a Reuters; já a alemã Deutsche Welle fala em 213 agentes feridos. Não é certo o número de feridos entre os manifestantes, mas na sexta-feira um dos organizadores dos protestos dava conta de “dezenas” de pessoas com ferimentos. A Reuters refere ainda que num subúrbio de Hamburgo a polícia pôs fim a um protesto de manifestantes encapuzados que terminou com a detenção de 59 suspeitos e fala ainda de 14 feridos que foram levados para o hospital – a origem dos ferimentos não é clara.

Haverá, diz a Deustche Welle citando um porta-voz da polícia, cerca de 1500 manifestantes violentos entre os cerca de 100 mil que estão na cidade para contestar o G20.

O dia em Hamburgo, a cidade que acolhe a cimeira em que Vladimir Putin e Donald Trump se encontraram pela primeira vez e onde se joga o futuro de temas como o aquecimento global ou o terrorismo, foi pontuado pelo habitual da agenda de uma cimeira dos países mais ricos do mundo – encontros de líderes mundiais, manifestações pacíficas (de ciclistas, por exemplo), marchas de cerca de 100 mil pessoas com cartazes, eventos à margem da cimeira e protestos mais violentos. Estes últimos, destinados a contestar o modelo capitalista, a globalização ou outras causas, acabaram por se concentrar então em Schanzenviertel, que como a Reuters contextualiza é uma zona de casas ocupadas e forte cultura de esquerda.

Era ali que muitos dos activistas mais violentos se foram concentrando, e onde tiveram lugar “as cenas mais dramáticas da noite” em que a polícia perseguiu membros do movimento radical Black Bloc, que quer destronar o capitalismo, por andaimes enquanto estes procuravam refugiar-se nos telhados. Lá em baixo, barricadas em chamas emanavam um fumo espesso”, relata a Reuters.

Num comunicado das 4h15 desta madrugada, a polícia de Hamburgo confirma que a situação está controlada e fala de pessoas “armadas com coquetéis molotov e barras de ferro”, do uso de fisgas e de como “os serviços de emergência foram continuamente expostos a ataques violentos” em Schanzenviertel, admitindo o uso da força da sua parte. “Vários veículos foram incendiados”, mas “actualmente, a situação acalmou em Schanzenviertel”.

O Frankfurter Allgemeine faz um relato das horas mais tensas da noite, de como entre as 23h e as 24h locais a polícia começou a apertar o cerco aos manifestantes. Uma “batalha de rua” em que a polícia tinha um canhão de água e os manifestantes barricadas onde ardiam “bicicletas, televisões”, fruto dos saques por parte dos mascarados. A mecânica da resistência naquelas ruas é detalhada pelo Die Welt, cujo repórter conta como durante horas houve nas ruas de Schanzenviertel “mistura quase absurda de happening e guerra civil”, com uma parte do grupo a “invadir lojas” e outras ofensivas com pedras contra os polícias para gáudio daqueles, sobretudo joven que estavam nas ruas laterais.

Nas ruas estão mais de 15 mil polícias, fortemente armados, que foram tentando conter os pequenos incêndios, barricadas e pilhagens que os activistas foram fazendo. Foram atiradas pedras e partidas montras de bancos. Cerca de 500 pessoas, diz a polícia na mesma nota desta madrugada, saquearam um supermercado que depois incendiaram.

Tudo isto aconteceu já depois dos trabalhos encerrados, com uma cimeira que termina domingo a ser pouco afectada pelos protestos no exterior, apesar de os activistas tentarem furar os cordões policiais que envolvem o centro da cidade portuária alemã. O centro nevrálgico do G20 é na zona de Messehallen.

A imprensa no local tem evocado um momento que parece simbólico, ocorrido ao final do dia de sexta-feira quando os líderes do G20 foram assistir a um concerto na nova sala de concertos de Hamburgo, a Elbphilharmonie. Ali, Presidentes como Trump ou o chinês Xi Jinping escutaram uma interpretação do Hino da Alegria, de Beethoven (o hino europeu), enquanto no exterior do edifício os manifestantes subiam o volume para ouvir Jimi Hendrix e, noutros pontos, era usado gás lacrimogéneo e canhões de água para os dispersar. A Deutsche Welle avança que 22 mergulhadores ligados à associação ambientalista Greenpeace foram interceptados pela Polícia Marítima no rio Elba, que atravessa a cidade, quando tentavam chegar à sala de concertos numa das suas margens.

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