Cinco entidades assinam acordo para recuperação de convento de Moura por privados

O Convento do Carmo é o primeiro da Ordem dos Carmelitas a ser fundado na Península Ibérica, em 1251.

Cinco entidades assinam na sexta-feira um acordo para a reutilização do Convento do Carmo, em Moura, através do programa Revive, que prevê ceder monumentos públicos a privados para serem recuperados e usados para actividades económicas.

Trata-se do memorando de entendimento que marca "o ponto de partida" do processo de recuperação e reutilização do monumento no âmbito do Revive e que "vai ser bastante longo", disse à agência Lusa Santiago Macias, presidente da Câmara de Moura, no distrito de Beja.

Através do memorando, explicou, as entidades envolvidas "acordam trabalhar em conjunto para se encontrar uma solução para a recuperação e a reutilização do Convento do Carmo por privados".

"Ainda não está definida com rigor a metodologia" para escolha do projecto de recuperação e reutilização do convento e do investidor, disse o autarca, referindo que "é evidente que só haverá projecto se houver investidor".

O memorando vai ser assinado entre o município, a Direcção Geral do Tesouro e Finanças, a Direcção Geral do Património Cultural, a Direcção Regional da Cultura do Alentejo e o Turismo de Portugal, numa cerimónia marcada para sexta-feira, às 12h00, na Igreja de N. Sra. do Carmo, em Moura, que faz parte do convento.

A Câmara de Moura refere que "tem desenvolvido esforços para encontrar uma solução" para o convento e a integração no Revive, que resultou de contactos e diligências feitas pelo município junto da Secretaria de Estado do Turismo, é um passo "essencial" para a recuperação e a reutilização do monumento.

"O trabalho desenvolvido pela autarquia deu resultados concretos", refere o município, frisando que o Convento do Carmo, propriedade do Estado, é o único imóvel do distrito de Beja e um dos seis imóveis do Alentejo a integrar o Revive, que foi lançado pelos ministérios da Economia, da Cultura e das Finanças.

O Convento do Carmo, o primeiro da Ordem dos Carmelitas a ser fundado na Península Ibérica, em 1251, é constituído pela Igreja de N. Sra. do Carmo e por um claustro, que juntos compõem um conjunto classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1944, e por um complexo conventual.

Situado na avenida do Carmo, no centro histórico de Moura, o convento, cujas origens remontam ao período medieval, tem "um inestimável valor patrimonial e sentimental para os habitantes do concelho", sublinha o município.

Segundo informações disponíveis no sítio de Internet do programa Revive, o convento carmelita masculino foi instituído em 1251, no reinado de D. Afonso III, para receber os capelães da Ordem dos Militares de São João de Jerusalém, regressados da Terra Santa.

Actualmente, "pouco resta" dos primitivos edifícios em estilo gótico, porque o convento "sofreu profundas transformações ao longo do século XVI, havendo vários "elementos decorativos manuelinos e renascentistas que coexistem com os poucos vestígios góticos".

De acordo com o Revive, toda a área do convento, à excepção da igreja, vai ser afecta à concessão a privados no âmbito do projecto.

O Revive visa promover a requalificação e posterior aproveitamento turístico de imóveis do Estado com valor arquitectónico, patrimonial, histórico e cultural que "não estão a ser devidamente usufruídos pela comunidade" e que, em alguns casos, estão "em adiantado estado de degradação".

Para tal, o Revive, através de investimentos privados, escolhidos por concurso público, prevê a recuperação de imóveis para os tornar aptos para actividades económicas, nomeadamente nas áreas de hotelaria, restauração e cultura, ou outras formas de animação e comércio.

Desta forma, o projecto prevê "promover e agilizar processos de rentabilização e preservação de património público" devoluto e "a sua transformação num activo económico a favor do país e, em particular, das comunidades das regiões abrangidas".

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