Audiência do ministro da Defesa no Parlamento pode acontecer já quarta-feira

Miranda Calha, ex-secretário de Estado da Defesa aponta prioridades que passam por investigar o paradeiro das armas roubadas de Tancos

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Ministro da Defesa deverá ir ao Parlamento dar explicações aos deputados esta semana Rui Gaudencio

A pressão política a propósito do caso de Tancos está a aumentar. No domingo à noite, o CDS informou que pediu uma audiência com carácter de urgência ao Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa respondeu prontamente e marcou o encontro para esta segunda-feira, às 14h. O CDS quer falar sobre “a quebra grave da confiança nas instituições do Estado no caso da tragédia de Pedrógão Grande e no furto de armas em Tancos”.  

“Creio que é altura de o senhor primeiro-ministro dizer alguma coisa. Esta é uma situação muito grave do ponto de vista da segurança interna, que mina a confiança dos portugueses nas instituições do Estado e é também gravíssima do ponto de vista externo, da credibilidade externa do Governo português e de Portugal”, disse Assunção Cristas.

Ao PÚBLICO, o deputado João Rebelo, também do CDS, sublinhou que “a responsabilidade pelo que aconteceu tem de ir mais longe do que a demissão das cinco pessoas”.

O também coordenador da Comissão de Defesa Nacional (CDN) aguarda pela audição do ministro Azeredo Lopes no Parlamento que, admite, pode acontecer já na quarta-feira de manhã, e não esconde a expectativa em relação ao que os partidos vão fazer após a audição, a qual se realiza à porta fechada.

Por seu lado, o antigo secretário de Estado da Defesa e membro da CND e do Conselho Superior de Defesa Nacional, Miranda Calha, é peremptório: “Têm de se desenvolver medidas no sentido de se investigar o paradeiro das armas desaparecidas. Este é um ponto essencial. Está em causa a segurança do país, mas também a segurança internacional.”

O deputado do PS defende que “é preciso desenvolver todos os inquéritos adequados no sentido de apurar as responsabilidades em relação ao que se passou, não só do ponto de vista político, mas também técnico”, como disse ao PÚBLICO.

Já o deputado Miguel Medeiros, que integra a CND, entende que “o que tem de se avaliar politicamente é se o sr. ministro, atentas as suas responsabilidades e as suas competências, tinha os mecanismos para evitar ou não evitar [o que aconteceu] e se cumpriu aquilo que são as obrigações de um político que dirige um sector tão relevante como este”.

O Presidente da República também falou sobre o tema para pedir “uma investigação que apure tudo”, factos e responsabilidades. “Tem de se prevenir o futuro para que não haja de seis em seis anos furtos destes e com gravidade crescente”, insistiu, numa alusão a um furto que ocorreu no Carregado, em 2010. Marcelo pede que se investigue se existe alguma ligação entre este furto e outros dois que aconteceram “nos últimos dois anos em países membros da NATO, um deles há poucos meses”.

O presidente do PSD, por seu turno, criticou o silêncio do Governo sobre Tancos, mostrando-se “atónito” com a divulgação da lista de material de guerra no jornal El Español

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