Benfica: valorizar, vender, repetir

Ano três da era Rui Vitória começa com os mesmos desafios de épocas anteriores: substituir os que foram vendidos.

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Rui Vitória já viu saírem alguns jogadores fundamentais do plantel campeão, mas ainda não viu chegar muitos reforços de peso MÁRIO CRUZ/LUSA

Nenhuma equipa é só composta de 11 jogadores. Qualquer plantel de equipa que luta em várias frentes precisa do dobro mais uma mão cheia para sobreviver uma época inteira. E cada pré-época dessas equipas começa sempre com excedente de jogadores. Não é fácil contabilizar o número de jogadores que o Benfica tem sob contrato, mas serão várias dezenas e Rui Vitória vai ter muito por onde escolher a partir desta sexta-feira, dia em que se dão os primeiros passos da época 2017-18. Mas, mais que o emagrecimento obrigatório, o maior desafio dos “encarnados” será substituir os jogadores que foram para outras paragens por muitos milhões.

Tem sido esta a realidade do Benfica nos últimos anos. Valorizar, vender e fazer uma reconstrução parcial na época seguinte. Nas três últimas épocas, os “encarnados” têm tido um volume de vendas superior a 100 milhões de euros sem que isso comprometa o sucesso desportivo e os quatro campeonatos conquistados nas últimas quatro temporadas são prova disso. Neste defeso, o Benfica já deixou sair o sueco Victor Lindelof por 35 milhões de euros ao Manchester United e o guarda-redes brasileiro Ederson para o Manchester City por 40 milhões, ambos titulares indiscutíveis na última época e meia. E, quanto mais o Benfica vender neste Verão, mais Rui Vitória terá de procurar novas soluções.

Há duas soluções possíveis para encarar as saídas (para já) de Ederson e Lindelof para os grandes de Manchester. Ou vai ao mercado, ou confia na linha de montagem do Seixal, como confiou, há menos de dois anos, no guarda-redes brasileiro e no central sueco para os lugares dos experientes Júlio César e Luisão. Para já, não há nenhuma contratação cuja intenção declarada seja colmatar a saída de algum destes jogadores. Entre os reforços que já foram oficializados, não há nenhum guarda-redes ou defesa central, embora estejam perto de entrar os jovens André Moreira e Bruno Varela – mas é provável que, pelo menos nos primeiros tempos, o lugar seja de Júlio César.

E também não há nenhum central contratado para o lugar do sueco. Luisão vai continuar mais um ano, assim como Jardel e Lisandro, sendo o croata Kalaica o próximo a ser promovido, depois de uma época entre os juniores, a equipa B e 90 minutos na equipa principal (em que marcou um golo). A possível saída de Nelson Semedo também obriga Rui Vitória pensar num defesa-direito, mas essa contingência já foi acautelada com o resgate na época passada de Pedro Pereira à Sampdoria, ele que fez grande parte da formação no Seixal – e há sempre André Almeida, que joga em todo o lado.

Rui Vitória já provou que arranja soluções para problemas difíceis, mas por certo irá querer manter, tanto quanto possível, o núcleo da equipa campeã. Se conseguir manter, por exemplo, o seu núcleo do meio-campo (Fejsa e Pizzi, com Krovinovic, contratado ao Rio Ave, a ser uma boa opção), é meio caminho andado. Se conseguir manter Jonas saudável a época toda, é mais um bom pedaço desse caminho, e Vitória tem mais um nome para a rotação dos pontas-de-lança, o suíço Seferovic. Espera-se uma evolução significativa de homens como Rafa, Zivkovic e Carrillo, sendo que Cervi já é uma certeza e deverá manter-se entre as primeiras opções. Salvio talvez fique com menos espaço, dependendo de como os outros extremos evoluírem.

De todos os negócios que o Benfica oficializou, não será fácil de adivinhar quais são os que ficam no plantel – Seferovic e Krovinovic serão, à partida, os reforços que ficam no plantel principal. À partida, jogadores como Salvador Agra (ex-Nacional) ou Patrick Vieira (ex-Marítimo) devem ser emprestados com o propósito de se valorizarem (como aconteceu com Marçal, que nunca jogou de “encarnado”, mas que rendeu 4,5 milhões), e alguns dos jogadores que chegam diariamente à Luz (Arango e Chrien são os últimos) devem ser encaminhados para um estágio na equipa B. Para já, ainda não há nenhum investimento significativo (daqueles de muitos milhões), mas ainda há muito mercado pela frente.

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