"Nada existe de errado" no exame de Matemática, esclarece Iave

Professores tinham alertado, esta terça-feira, para um possível erro na prova de classificação do 9º ano. E voltaram a reiterá-lo depois do esclarecimento do Iave.

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IAVE é a entidade responsável pelas provas e exames nacionais Paulo Pimenta

O Instituto de Avaliação Educativa (Iave) clarificou esta quarta-feira que "nada existe de errado" nos critérios de classificação do item 14 do exame de Matemática, estando em conformidade com o previsto, ao contrário do que afirma a Sociedade Portuguesa.

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) denunciou na terça-feira a existência de um erro na proposta de correcção do exame do 9.º ano à disciplina, realizado por quase 90 mil alunos finalistas do ensino básico.

"A SPM lamenta verificar que, nos critérios de correcção publicados pelo Iave, no item 14 seja atribuída 75% da cotação a uma resposta integralmente errada", lê-se no comunicado da SPM.

Segundo os critérios de correcção publicados pelo Iave, a correcção pode atribuir quatro ou três pontos às respostas dos alunos: quatro pontos na proposta considerada completamente correcta e três pontos noutra proposta de correcção para um nível de desempenho inferior. De acordo com a SPM, esta segunda hipótese de pontuação, que atribui 75% do total possível na classificação a este item, está "integralmente errada".

Esta quarta-feira, em comunicado, o Iave esclarece que "o objectivo do item 14 era verificar se os alunos identificam um dos casos notáveis da multiplicação de polinómios".

"A resposta referida pela SPM como integralmente errada evidencia essa identificação, embora esteja escrita de modo formalmente incorrecto, por omissão dos parêntesis. Como tal, e de acordo com os critérios gerais relativos a respostas restritas, onde se indica que a apresentação de expressões incorrectas do ponto de vista formal está sujeita à desvalorização de um ponto, foi esta a desvalorização aplicada", indica o Iave, que esta terça-feira se tinha recusado a comentar a discussão.

De acordo com o Instituto, no parecer rectificado da SPM esta sociedade não atendeu à valorização dos desempenhos não totalmente correctos dos alunos, que se aproximam do objectivo de avaliação do item e, por isso, beneficiam de uma pontuação parcial.

"Também descurou uma leitura atenta dos critérios gerais de classificação, indispensável para compreender os princípios subjacentes à valorização dos desempenhos dos alunos não totalmente correctos", é referido.

Por isso, o Iave, salienta "que nada de errado existe na opção presente nos critérios de classificação do item 14, estando os mesmos em conformidade com o previsto para este tipo de itens".

O Iave é a entidade responsável pela realização e aplicação das provas e exames nacionais.

Diferença de opiniões ou erro?

Também o ministro da Educação se referiu ao assunto nesta quarta-feira. Tiago Brandão Rodrigues considerou que houve "uma diferença de opinião" entre o Instituto de Avaliação Educativa e a Sociedade Portuguesa de Matemática quanto a critérios de classificação do exame de Matemática do 9.º ano, que já está ultrapassada. "É mesmo isso, uma diferença de opinião, mas isso está sanado e os esclarecimentos já foram prestados."

Reagindo ao esclarecimento do Iave, a SPM indicou que lamenta a polémica gerada, mas reitera que “não pode aceitar que a resposta analisada possa ser considerada parcialmente correcta e suficientemente próxima daquilo que o item 14 visa avaliar para merecer uma cotação de 75%”.  

“A omissão de parênteses na multiplicação é sempre um erro grave. Neste caso concreto, tratando-se de um problema imediato, sem cálculos intermédios, e no qual os parênteses fazem parte essencial da resposta, a sua omissão não configura um mero erro formal mas sim substancial”, especifica a SPM.

Segundo esta organização, considerar, como o Iave faz,  que a questão está parcialmente correcta “não estaria de acordo com a mensagem de rigor e seriedade que queremos transmitir aos nossos jovens sobre o ensino da Matemática em Portugal.”

 

 

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