Ministra da Administração Interna: "Naturalmente tirarei as devidas ilações"

Constança Urbano de Sousa diz ao DN/TSF que demitir-se agora seria "seguir o caminho mais fácil".

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Constança Urbano de Sousa diz-se “politicamente mais confortada” com o facto de a investigação sobre os incêndios passar para a tutela do Parlamento miguel manso

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, assume, em entrevista ao Diário de Notícias/TSF, que tirará as “devidas ilações” caso da comissão técnica independente que vai ser criada conclua que existiram responsabilidades da Tutela nos incêndios de Pedrógão Grande, que atingiram outros concelhos da região Centro do país.

“Naturalmente tiraremos as devidas ilações e eu tirarei as devidas ilações. Agora, neste momento, acho que é muito prematuro estar aqui a seguir pelo caminho mais fácil, que era o caminho mais fácil a seguir, ia satisfazer uma certa apetência que alguns têm pelo sangue, se quisermos”, afirmou a ministra na entrevista divulgada este domingo. Constança Urbano de Sousa reiterou o que já tinha dito esta semana sobre a sua permanência no cargo: “Enquanto – e eu também disse isto na entrevista à RTP – eu tiver a confiança política do senhor primeiro-ministro, não me demito. Mais uma vez o digo, essa seria a via mais fácil.”

Como o PÚBLICO noticia este domingo, a investigação ao que se passou no incêndio em Pedrógão Grande, que provocou 64 mortos, vai ser feita integralmente pela comissão independente que a Assembleia da República virá a nomear e que foi proposta pelo PSD. Ao DN/TSF, a ministra afirma que essa solução a deixa “politicamente mais confortada”. “Tendo em consideração a dimensão desta tragédia eu acho que questões que hoje ainda estão em aberto devem ser respondidas não só de forma transparente mas também com todas as garantias de transparência”, acrescentou.

Só depois de serem conhecidas as conclusões da comissão técnica independente, é que o Governo decide se há matéria para solicitar a abertura de um inquérito à Inspecção-Geral da Administração Interna. A ministra justifica esta decisão com a falta de abrangência da IGAI para promover um inquérito a tudo o que se passou no incêndio de Pedrógão Grande.

“A IGAI não tem a vocação e nem tem sequer os meios para fazer um inquérito exaustivo a tudo o que se passou naquela ocorrência que envolve muitas entidades que não são só da tutela do MAI, envolve os vários patamares da protecção civil que vão desde o local ao distrital, até ao nacional e, portanto, nem teria sequer competências”, afirmou a governante.

Relativamente ao SIRESP, a ministra não tinha, no momento em que a entrevista foi realizada, na sexta-feira, o relatório sobre as falhas do sistema que só foi conhecido à noite. O DN e a TSF sugeriram a actualização da entrevista mas a ministra não esteve disponível, segundo aqueles órgãos de comunicação social. 

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