Farfetch une forças com o maior retalhista online chinês

Gigante de comércio electrónico chinês JD.com investe quase 400 milhões de dólares e torna-se num dos principais accionistas da empresa criada por José Neves.

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José Neves, fundador e presidente da Farfetch Fernando Veludo/Nfactos

O site chinês de venda a retalho online, www.JD.com, vai investir 397 milhões de dólares (cerca de 356 milhões de euros) na Fartech, a plataforma online de moda criada em 2008 em Londres pelo português José Neves. A Ásia é um mercado em foco na estratégia da empresa portuguesa, e esta parceria agora anunciada criará "a primeira plataforma de venda de artigos de luxo para a China", salienta o comunicado divulgado a partir de Pequim, capital de um país conhecido por ser uma fonte de falsificação de artigos de luxo.

De acordo com o comunicado da JD.com – o retalhista electrónico que mais factura no gigantesco mercado de consumo chinês – , esta “parceria estratégica” vai permitir à Farfetch ter uma dimensão relevante no mercado chinês, avaliado em cerca de 80 mil milhões de dólares. No âmbito do acordo, a empresa chinesa vai tornar-se um dos maiores accionistas da Farfetch, com Richard Liu, fundador e CEO da JD.com, a ter assento na administração.

A parceria significa que as duas empresas irão juntar esforços no "marketing, na logística e nas soluções tecnológicas para construir a marca na China". "Esta combinação de forças beneficiará todas as 700 marcas e boutiques que fazem parte da comunidade Farfetch, permitindo-lhes tirar vantagem de um novo canal de acesso ao mercado de luxo na China", prossegue a empresa chinesa.

“Não podíamos ter encontrado um parceiro online mais forte do que a Farfetch”, sublinha Richard Liu. Já José Neves diz estar “profundamente entusiasmado” com a parceria, referindo-se a Liu como um dos “maiores e lendários empreendedores da Internet”.

No conselho de administração está também Jonathan Newhouse, presidente da Condé Nast International, a quem a Farfetch comprou recentemente o site style.com.

Na prática, explica o jornal Financial Times, de Londres (onde a Farfetch está aliás sediada), a Farfetch ganha acesso à plataforma de marketing da JD.com, aos canais de redes sociais e ao sistema de entrega do parceiro chinês – que é capaz de entregar produto no mesmo dia da compra. Em troca, acrescenta aquele jornal, Richard Liu ganha posição numa empresa que é a única startup fundada por um português cujo valor de mercado ultrapassa os mil milhões de dólares – os chamados "unicórnios" – e que em 2016 esperava facturar 800 milhões de dólares.

"O rendimento dos nossos clientes está a subir e as nossas vendas de bens de luxo crescem mais do que a venda de artigos do dia a dia", revelou Ding Xia, presidente da unidade de moda do site JD.com em entrevista ao Financial Times. Por outro lado, salienta este jornal, com acesso à plataforma da Farfetch, a JD.com ganha acesso à venda de marcas de luxo que, de outra forma, poderiam estar renitentes em entrar num mercado conhecido pela contrafacção de artigos de luxo.

Na mais recente ronda de financiamento, em 2016, já se tinha registado a entrada de um parceiro estratégico chinês. Numa entrevista em Setembro desse ano ao PÚBLICO, José Neves afiançava que seria a última ronda, apontando para a possibilidade de a próxima dispersão de capital se fazer com a entrada na bolsa de Nova Iorque.

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