Bienal da Maia chega à maioridade para "ligar" a arte

A quinta edição da bienal de arte contemporânea que se realiza desde 1999 de forma intermitente arranca esta quinta-feira. Até Setembro, 50 artistas ocuparão cerca de dez espaços do município em quase 30 eventos.

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São 50 os artistas nacionais e internacionais que durante quatro meses passarão pela quinta edição da Bienal de Arte Contemporânea da Maia (BACM). A partir desta quinta-feira e até Setembro, uma programação de quase três dezenas de eventos assinala a maioridade do certame.

Aos 18 anos de vida, a BACM, que desde 1999 se foi realizando de forma intermitente, celebra as artes plásticas, a ilustração, a instalação, a escultura, a media art, a arquitectura, o novo circo e a música em vários palcos, paredes, ruas, edifícios e praças da Maia. A organização, repartida entre a autarquia local e o centro empresarial Lionesa, escolheu como conceito por trás desta edição o de Arte em Ligação. Ligação que é feita entre espaços, tempos e públicos.

Segundo o coordenador artístico da bienal, João Vasconcelos, também fundador do Canal 180, o ponto de partida para a programação desta edição foram os silos da fábrica de óleos 3 Ás, cujas fachadas nascente e poente receberão uma intervenção artística permanente, levada a cabo por duas duplas compostas por ateliers de arquitectura e artistas com experiência na exploração do espaço urbano: Diogo Aguiar Studio com Pedro Tudela, Fahr 021.3 com Dalila Gonçalves.   

Funcionando como uma espécie de “teleférico virtual e visual” entre os silos da fábrica e os Paços do Concelho, a programação, com várias propostas que “cruzam e interpelam” as artes visuais e as performativas, alarga-se a todo município para ocupar mais de dez espaços do património da cidade, como a Venepor, o Fórum, o Parque Central, o Aeroporto, a Praça do Lidador e outros percursos públicos.

Há ainda uma carrinha ambulante de Arte e Educação, “uma espécie de galeria itinerante” que transportará vários conteúdos da Bienal pelas ruas do município e que poderá ser visitada pelo público.

Com o coordenador artístico trabalha um grupo de curadores que se dividem pelos vários temas da BACM: Sérgio Alves (Design/Artes Plásticas), Andreia Garcia (Arquitectura), Daniel Vilar e Bruno Costa (Performances) e Marta Bernardes (Comunidade), Ana Vieira e Matilde Seabra (Território, que entre outras actividades organizará visitas ao espaço público e edificado).  

No primeiro dia, o evento, que custou à autarquia cem mil euros, arranca às 21h30 no Parque Central com a performance Samsara, de Godot, um espectáculo de new clown criado por Rui Paixão, que o caracteriza como uma viagem conceptual para extrair o imortal do que é transitório. Às 22h30, no edifício Venepor, será inaugurada a instalação Every Drop of Rain, de Qimmy Shimmy, nascida em Singapura e a viver em Eindhoven. Ao mesmo tempo, no Fórum Maia, não muito longe, abre a exposição Songs for Portugal, do pintor holandês Hennie Lenders, que pintou numa visão muito própria os rios, as montanhas e as casas portuguesas, tendo como cavalete o chão. Sem molduras, as obras do artista que convida o público a tocar nas telas são também músicas. É assim que se define, um “pintor de músicas”. 

Até ao final de Setembro, a arte contemporânea vai poder ser vista na Maia através de obras de outros artistas como Azert, Benoit Canaud (França), Diogo Aguiar, Giada Ganassin (Itália), Henrique Nascimento, João Valente, José Cardoso, Marta Bernardes, Sara Cunha, Sara Orsi, Tomas Dias ou André da Loba.

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