Dezenas de técnicos de diagnóstico em greve concentrados frente ao Ministério da Saúde

Protesto acontece no primeiro de dois dias de greve. Técnicos exigem a aprovação do diploma que criar a carreira destes profissionais de saúde.

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Raquel Esperança

Várias dezenas de técnicos de diagnóstico e terapêutica em greve estão concentrados nesta quarta-feira em frente ao Ministério da Saúde para exigir a aprovação imediata do diploma que cria a carreira destes profissionais de saúde.

"Assim não dá, carreira já" é a palavra de ordem dos manifestantes, acompanhada de ruidosos apitos e cartazes com inscrições como "Radioterapia. Ninguém nos nota porque cumprimos sempre. Basta!!!" ou "Prometeu e não cumpriu. A luta continua. 18 anos de espera".

A concentração, que decorre sob o olhar atento da polícia, acontece no primeiro de dois dias de uma greve nacional decretada pelo Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica (STSS), que poderá repetir-se a partir de 29 de Junho, por tempo indeterminado.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do SNTSS, Almerindo Rego, explicou que a greve, com uma adesão de mais de 90%, foi convocada para exigir a aprovação imediata do diploma que cria a carreira daqueles profissionais, que se queixam que a carreira está desactualizada há quase 18 anos.

Ministro promete desbloquear a situação

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse nesta quarta-feira, na Comissão Parlamentar da Saúde, compreender os motivos dos profissionais e mostrou-se confiante que, em breve, talvez na próxima semana, esta questão esteja desbloqueada.

Almerindo Rego disse esperar que o desenvolvimento das negociações com os responsáveis da Saúde "consiga desbloquear nas próximas horas este processo, com todos os prejuízos que a greve já está a causar", admitindo mesmo desconvocar a greve por tempo indeterminado a partir de 19 de Junho.

"Recolhemos a compreensão da parte do Ministério da Saúde, só esperamos que essa compreensão seja extensível ao Governo e que o prejuízo que já está a existir para os doentes do SNS [Serviço Nacional de Saúde] possa ser travado o mais rapidamente possível", disse o sindicalista.

"É um processo só de bom senso. Não estamos a falar de dinheiro, não estamos a falar de exigências extraterrestres, estamos a falar do cumprimento da lei. Também não queremos manter uma lei que cria prejuízos imensos", afirmou Almerindo Rego.

Para o dirigente sindical "se se confirmar na sexta-feira o acordo entre as duas secretarias de Estado com a retoma das negociações imediata estão reunidas condições para não avançar uma greve por tempo indeterminado".

Mais de metade não tem carreira

Segundo Almerindo Rego, "55% destes profissionais licenciados não têm carreira nenhuma e os restantes têm uma carreira que está profundamente desactualizada" e que "não tem nada a ver com o seu nível académico".

Foi o descontentamento com esta situação que levou Inês Silvestre, terapeuta da fala, a participar na concentração desta quarta-feira.

"Estamos aqui a lutar pela actualização das nossas carreiras que já decorre há 17 anos. Achamos que é tempo a mais e já chega", disse Inês Silvestre à agência Lusa.

Técnica de Anatomia Patológica, Paula Neto também lamentou à Lusa a falta de reconhecimento desta área de trabalho, que abrange mais de 20 profissões.

"As nossas carreiras estão completamente congeladas, não temos qualquer reconhecimento por parte das entidades competentes e neste momento é um basta. Estamos completamente esgotados e merecemos o reconhecimento daquilo que somos, profissionais de saúde altamente qualificados", vincou Paula Netos.

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