Kalanick cede à pressão e demite-se do cargo de CEO da Uber

Co-fundador da Uber já estava de licença sem vencimento, mas accionistas pediram para ele se afastar totalmente.

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Kalanick tinha anunciado que iria tirar uma licença sem vencimento Reuters/Danish Siddiqui

Travis Kalanick demitiu-se do cargo de presidente-executivo (CEO) da Uber avança o New York Times esta quarta-feira, 21 de Junho. A decisão terá sido incentivada pelos accionistas da empresa e foi confirmada por Kalanick, em declarações ao jornal norte-americano. O co-fundador da Uber irá, no entanto, manter-se no conselho de administração.

"Amo a Uber mais do que qualquer outra coisa no mundo, e neste momento difícil da minha vida pessoal decidi aceitar o pedido dos investidores para me afastar para que a Uber se possa desenvolver em vez de se envolver noutra luta", declarou o agora ex-CEO num comunicado enviado ao New York Times.

A decisão foi entretanto também confirmada pelo porta-voz do co-fundador da Uber, em declarações à Reuters. A notícia surge uma semana depois de Kalanick ter anunciado que iria tirar uma licença sem vencimento, por tempo indeterminado, para se focar em ser uma pessoa melhor. O anúncio foi feito pelo próprio através de um email enviado aos trabalhadores da empresa, depois de a morte da mãe, num acidente de barco no final de Maio, o ter incentivado a fazer uma pausa para se tornar o “líder que esta empresa precisa e merece”, honrando assim a memória da mãe, Bonnie Kalanick.

Quem é Travis Kalanick?

A pressão aumentou quando cinco grandes accionistas da empresa enviaram uma carta a Kalanick com o título Moving Uber Forward (“Levar a Uber para a frente”, numa tradução livre). No documento, a que o jornal norte-americano teve acesso, os investidores exigiam que Kalanick abandonasse o cargo imediatamente, argumentando que a empresa necessitava de uma nova liderança.

Entre os signatários da carta está a empresa de capital de risco Benchmark Capital, que tem um dos seus parceiros, Bill Gurley, no conselho de administração da Uber. No documento, os cinco accionistas pedem ainda que dois dos três lugares disponíveis na administração da empresa sejam preenchidos com "directores verdadeiramente independentes".

A decisão terá sido influenciada pelos consecutivos escândalos que têm manchado a imagem pública da empresa. Desde trabalhadores mal pagos, estratagemas para escapar à polícia, chefes agressivos, acções judiciais e queixas de agressões sexuais por parte de clientes, a empresa de tecnologia tem enfrentado várias polémicas, afastando-se do caminho de sucesso em Silicon Valley.

Ainda assim, o conselho de administração da empresa ressalva em comunicado que Kalanick colocou sempre a empresa em primeiro lugar, mas acrescenta que o seu afastamento dará à Uber capacidade de iniciar um novo capítulo na sua história.

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