Bombeiros espanhóis recusados? Ministra fala em "excesso de voluntarismo"

Constança Urbano de Sousa justificou a decisão com base na ausência de aviso dos bombeiros espanhoís e sublinha que a prioridade é garantir a segurança de todos os operacionais.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

“Por vezes há pessoas com excesso de voluntarismo que podem querer empenhar-se sem ter qualquer tipo de enquadramento.” É assim que a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, responde à notícia avançada pelo El Correo Galego de que um grupo de 60 bombeiros espanhóis foi impedido de entrar em Portugal.

A ministra defendeu que o facto de os operacionais espanhóis não conhecerem o terreno dificulta a sua integração nas equipas portuguesas e que a decisão foi tomada para garantir segurança de todos os bombeiros.

O episódio aconteceu esta terça-feira de manhã, depois de os bombeiros espanhóis terem tentado entrar em Portugal sem uma prévia coordenação com as autoridades portuguesas. Entretanto, um grupo de 80 operacionais espanhóis está já a caminho de Portugal, já integrado no plano de combate aos incêndios que lavram no centro do país, anunciou a ministra da Administração Interna.

Explica Constança Urbano que os bombeiros espanhóis "não conhecem o terreno em que vão operar" e "por isso mesmo têm de ser enquadrados”, o que implica tempo e coordenação entre as autoridades civis competentes.

“Têm de ser devidamente coordenados pelas autoridades de protecção civil em ambos os países. Não podemos estar aqui com voluntarismos”, continuou a ministra. “Espero que compreendam. As pessoas têm de vir deviamente enquadradas e temos de ter capacidade logística para a enquadrar.”

Ao PÚBLICO, a assessora da ministra da Administração Interna sublinhou que "os bombeiros não podem entrar de mochila às costas" e repete o argumento apresentado por Constança Urbano de Sousa de que é necessária uma coordenação prévia com as autoridades do país a socorrer (neste caso, Portugal). O Ministério da Administração Interna recusa que o grupo de bombeiros tenha sido "barrado" e justifica a decisão com base na segurança.

Na notícia do jornal espanhol, os bombeiros espanhóis lamentavam a "sensação agridoce". "Estávamos conscientes da situação que se estava a passar em Portugal, estávamos preparados para intervir e ajudar e por uma questão burocrática impediram-nos de ir lutar contra um problema grave que acabou com tantas vidas", cita o El Correo Galego.

A mesma fonte do Ministério da Administração Interna não esclarece no entanto se o grupo de 80 operacionais agora a caminho inclui os bombeiros que durante a manhã não conseguiram juntar-se aos meios de combate portugueses.

Pelas 17h, estavam a caminho de Portugal 40 bombeiros da Galiza por via terrestre e outros 40 operacionais de várias regiões espanholas por meio aéreo.

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