Pedrógão: o que se sabe sobre as vítimas já identificadas?

Há nomes e histórias por trás dos números das vítimas de Pedrógão Grande. Começamos agora a conhecê-los.

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Paulo Pimenta

O incêndio que desde o início da tarde de sábado continua a lavrar em Pedrógão Grande resultou, segundo o balanço mais recente desta segunda-feira, em 64 vítimas mortais. Destas, 24 já foram identificadas pelas autoridades. Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, diz que o trabalho de identificação, conduzido pelo Instituto de Medicina Legal, está a decorrer “com celeridade”, e acrescentou que não há registo de nenhuma vítima de nacionalidade estrangeira até ao momento.

"Há um trabalho todo de identificação que está a ser muito acelerado. Existem vitimas que é mais fácil a sua identificação e outras que exigem outro tipo de testes mais complementares, mas penso que é um trabalho que está a decorrer com celeridade e em breve estará concluído", disse.

Rodrigo tinha ficado com os tios durante as férias dos pais

Rodrigo, de quatro anos, foi uma das primeiras vítimas conhecidas. A criança seguia no carro com o tio, Sidel Belchior, numa estrada em Pedrógão Grande. A viatura esteve envolvida num pequeno embate, em Nodeirinho, e a situação ter-se-á complicado devido à queda de duas árvores em chamas que bloquearam o caminho e impediram que tio e sobrinho escapassem ao incêndio, informa o Jornal de Notícias.

Rodrigo estava a cargo dos tios enquanto os pais se encontravam de lua-de-mel em Cabo Verde.

Gina fugiu do carro para procurar ajuda

Ainda na aldeia de Nodeirinho, uma avó e uma neta estão entre as vítimas mortais já identificadas. Biana, de quatro anos, e a avó morreram enquanto tentavam fugir de carro.

Na viatura também se encontrava a mãe da criança, Gina, que saiu do veículo e tentou procurar ajuda. Segundo o Observador, Gina acabou por morrer no hospital, onde deu entrada com queimaduras graves.

Casal de Loures e outro da Pontinha morrem durante a fuga

José Maria e São Graça, residentes em Loures, morreram enquanto tentavam fugir do incêndio, relata o Jornal de Notícias. O casal tentava fugir de carro quando o incêndio chegou à localidade, mas foram apanhados pelas chamas na estrada nacional 236 (EN 236).

"Os vizinhos tentaram que eles não saíssem. Ficaram, e os que ficaram estão vivos. Quem morreu foi quem fugiu", contou uma pessoa próxima das vítimas ao Jornal de Notícias. O casal passava o fim-de-semana em Vila Facaia, freguesia do concelho de Pedrógão Grande, numa casa de família.

O presidente da junta de freguesia daquela localidade, José Henriques, deu ainda conta de outras vítimas: uma mãe e duas crianças que foram encurraladas pelo fogo na EN 236 e acabaram por morrer.

Cristina e Eduardo Costa, residentes na Pontinha, Odivelas, juntam-se ao número crescente de vítimas mortais do incêndio em Pedrógão Grande, tendo sido surpreendidos pelas chamas também na EN 236. O casal tinha ido passar o fim-de-semana à localidade com a mãe de Eduardo Costa, que conseguiu sobreviver à tragédia. Cristina e Eduardo tinham dois filhos, um de 20 e outro de 24 anos. 

A família de Sacavém que estava de férias

Lígia Sousa e Sérgio Machado, que estavam de férias com os filhos em Castanheira de Pera, também estão entre as vítimas já identificadas. A família natural de Sacavém estaria alojada na Praia das Rocas quando a tragédia aconteceu. 

Familiares e amigos do casal tinham lançado apelos no Facebook, neste domingo, que reportavam o desaparecimento da família com a qual não conseguiam entrar em contacto. Os mesmo que procuravam o paradeiro do casal e dos dois filhos anunciaram, esta tarde, que a família se juntava ao número de vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande.

Gonçalo deixou os bombeiros de Castanheira de Pera de luto

Deste incêndio não resultaram apenas vítimas civis. O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, deu conta da morte de Gonçalo, um bombeiro que se encontrava hospitalizado no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

“Efectivamente, os bombeiros portugueses estão de luto [...] já estavam de luto por aquilo que aconteceu a tantas pessoas que pereceram neste brutal incêndio. Agora choramos a morte de um dos nossos", afirmou aos jornalistas.

Gonçalo, de 40 anos, fazia parte da corporação de Castanheira de Pera, localidade fortemente afectada pelo fogo. O presidente da Liga dos Bombeiros explicou que o bombeiro tinha sido internado com ferimentos no rosto e queimaduras nas vias aéreas. Deslocava-se numa viatura da corporação que colidiu com um veículo ligeiro no IC8. Era casado e deixa um filho.

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