Oliveiras ancestrais do Alentejo em exposição de fotografia de Renée Gagnon

A artista descreve as árvores como "gigantes retorcidos, bojudos, enrolados sobre si mesmos ou explodindo em vários troncos, ao mesmo tempo pedra e seiva".

Foto
Melanie Map's

Oliveiras ancestrais do Alentejo impressionaram a artista canadiana Renée Gagnon, levando-a a fazer uma investigação sobre estas árvores em Espanha e em Itália, onde também captou imagens para expor em Lisboa, a partir de Julho.

"Now and Ever

Oliveiras" é o título da exposição que vai ser inaugurada a 13 de Julho no Museu das Comunicações, em Lisboa, onde ficará até 30 de Setembro de 2017, de acordo com um comunicado da entidade.

Renée Gagnon deslocou-se ao Alentejo, em 2014, onde fotografou oliveiras ancestrais, tendo ficado de tal forma impressionada com os sulcos dos seus troncos, que se lançou numa pesquisa também na Sardenha, Itália, e ao museu de oliveiras milenares ao ar livre nos arredores de Barcelona, na Espanha.

No regresso ao seu estúdio em Lisboa, onde se fixou nos anos 1970, começou a trabalhar as fotografias em Photoshop e a aplicar-lhes tinta, num processo evolutivo de construção da imagem, em que se acrescentam camadas artísticas ao original fornecido pela natureza.

O resultado final é apresentado na exposição “Now and Ever

Oliveiras”, que inclui o lançamento do catálogo que conta com as colaborações dos professores Raquel Henriques Coimbra, Jorge Gaspar e José Gouveia.

A viver e trabalhar em Lisboa, com toda a carreira artística em Portugal, Renée Gagnon, depois de várias décadas dedicadas ao cinema, regressou às artes visuais para divulgar a oliveira, “um ser vivo que atravessa os séculos”, de acordo com um texto da artista sobre esta mostra.

“A busca da eternidade é obsessão de todas as religiões e o que mais se assemelha a essa busca é a existência de árvores que atravessaram os séculos e continuam a dar fruto. A oliveira é uma dessas árvores mágicas. Provavelmente oriunda da Turquia, cobria outrora matas silvestres de toda área circundante do Mediterrâneo e suas ilhas. A oliveira brava é mais antiga do que o aparecimento do homem", refere.

Acrescenta que "ainda existem no Alentejo e no Algarve exemplares com mais de dois mil anos", descritos pela artista como "gigantes retorcidos, bojudos, enrolados sobre si mesmos ou explodindo em vários troncos, ao mesmo tempo pedra e seiva".

Renée Gagnon fotografou depois oliveiras na Sardenha - espécimes com mais de quatro mil anos - no sul de Barcelona - a maior concentração do mundo de oliveiras milenares, mais de quatro mil e duzentos exemplares - e em Creta.

Nas últimas décadas, a criadora tem-se dedicado ao cinema, na área da distribuição, presentemente com a Marfilmes, concentrando-se a vender cinema português para o mundo e especializando-se em cinema africano, depois de uma estadia em Angola.

Tem formação em Belas Artes, diplomada em Pintura pela Escola de Belas Artes de Montreal, e na Escola do Louvre em Paris, onde estagiou na Grande Chaumière com o pintor Aujame.

A inauguração da exposição "Now and Ever

Oliveiras" está marcada para o dia 13 de Julho às 18h30.

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