Google usa anúncios para dissuadir potenciais terroristas

A ideia é redireccionar quem clica nos anúncios para conteúdo "contra o ódio e a radicalização". Faz parte das novas medidas do Google para combater o extremismo nos seus vídeos.

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Ao clicar nos anúncios, os potenciais terroristas serão redireccionados para conteúdo contra o ódio e o terrorismo Reuters/OSMAN ORSAL

Mais do que eliminar conteúdo extremista, o Google quer chegar a quem acede a esse conteúdo: a empresa vai utilizar tácticas de publicidade online para criar anúncios destinados a potenciais recrutas do Estado Islâmico. Ao clicarem no conteúdo, as pessoas serão redireccionados para páginas e vídeos com mensagens contra o terrorismo e o discurso de ódio. 

"Em versões anteriores deste sistema, há uma taxa excepcionalmente alta de potenciais recrutas a clicar nestes anúncios, e a assistir a mais de meio milhão de minutos de conteúdo de vídeo que desmascara mensagens de recrutamento de organizações terroristas", escreve o responsável legal do Google, Kent Walker, em comunicado.

No texto, a Google – que detém o YouTube – admite ainda não fazer o suficiente para combater eficazmente a violência e o conteúdo de propaganda terrorista nos seus vídeos online: "A verdade, pouco agradável é que, como indústria que somos, temos de admitir que há muito mais para fazer. Já.”

Além do investimento em vídeos com conteúdo positivo, vai existir um maior investimento nos recursos de engenharia para preparar programas de computador – equipados com inteligência artificial – para identificar e remover conteúdo violento e extremista. Os humanos também se juntam às máquinas, com a Google a anunciar o aumento do número de especialistas de outras organizações a participar na monitorização de conteúdo problemático no YouTube.

A decisão dos moderadores independentes tende a ser correcta mais de 90% das vezes, razão pela qual a Google vai oferecer subsídios orçamentais às 63 organizações que já fazem parte do programa. Além disso, vão contar com o apoio de 50 novas organizações não governamentais, e outros grupos que se dedicam ao combate ao extremismo, para identificar conteúdo que seja utilizado para recrutar pessoas para estas organizações.

“As máquinas vão ajudar-nos a identificar os vídeos problemáticos, mas os profissionais humanos ainda têm um papel importante em decisões subtis sobre a diferença entre conteúdo violento de propaganda e discurso religioso ou noticioso”, escreve Kent Walker. “Um vídeo de um ataque terrorista pode ser informação noticiosa se for passado pela BBC, ou glorificação de violência se for carregado por um utilizador diferente noutro contexto."

Mesmo os vídeos que não violem claramente as políticas do YouTube – por se situarem numa área cinzenta –  serão protegidos com um pré-aviso e não poderão ser monetizados, comentados ou recomendados. O objectivo é que seja mais difícil encontrá-los. “Achamos que isto permite o equilíbrio certo entre liberdade de expressão e acesso à informação, sem promovermos pontos de vista extremamente ofensivos”, escreve Walker.

A Google acrescenta que vai continuar a trabalhar com outras empresas da indústria – como o Facebook, a Microsoft e o Twitter – para combaterem o terrorismo online.

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