Cuba diz que Trump não irá "enfraquecer a revolução"

Governo de Havana reage a anúncio de que EUA irão reverter aproximação a Cuba iniciada por Barack Obama.

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Vendedor de fruta em Havana: Trump anunciou reversão de política de aproximação de Obama ALEXANDRE MENEGHINI/Reuters
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Reuters/

O Governo de Cuba disse que “qualquer estratégia para mudar o sistema político, económico e social em Cuba” está “condenada ao fracasso”.

Numa declaração lida nos noticiários televisivos e enviada aos jornalistas, o Governo cubano diz que se mantém disponível para um “diálogo respeitoso” com os Estados Unidos, mas acusou o Presidente Donald Trump de recorrer aos “métodos coercivos do passado”.

Na sexta-feira em Miami, Trump anunciou que irá reverter parcialmente as medidas de aproximação a Cuba do seu antecessor, Barack Obama, que classificou como "terríveis". "Não vamos levantar as sanções até que todos os presos políticos sejam libertados, até que a liberdade de expressão e de reunião seja respeitada, até que todos os partidos políticos sejam legalizados e até que se realizem eleições livres com inspecção internacional."

Cuba nega ter quaisquer presos políticos; organizações de apoio a estes prisioneiros já nomearam 51 e dizem que o número total será, provavelmente, de “duas centenas”, segundo a revista norte-americana Time. A organização não-governamental Human Rights Watch diz que o regime está a usar menos penas longas para os opositores e mais detenções arbitrárias – mais de 7900 entre Janeiro e Agosto de 2016.  

“O Governo cubano denuncia as novas medidas que fortalecem o bloqueio [norte-americano a Cuba] e que irão falhar”, não conseguindo “o seu objectivo de enfraquecer a revolução”, dizia ainda o Governo de Havana.

À invocação, por Trump, dos direitos humanos em Cuba, o regime comunista retorquiu que os Estados Unidos não estão numa posição de dar lições a outros. “Temos preocupações sérias sobre o respeito dos direitos humanos nesse país”, continuava a declaração governamental, enumerando a violência policial, o uso de armas, a discriminação racial, a falta de cuidados de saúde públicos, as desigualdades salariais entre homens e mulheres e a tortura na base de Guantánamo.

Numa nota positiva, no entanto, o Governo cubano disse que os dois países provaram, nos últimos dois anos, que era possível uma cooperação que respeitasse as diferenças. “Mas não se deve esperar que Cuba comprometa a sua própria soberania”, sublinhou. 

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