BE pede "plano de emergência" para toxicodependentes do Porto

João Teixeira Lopes acusa câmara de ter em relação à toxicodependência uma “atitude cobarde politicamente e eticamente hipócrita e moralista”

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João Teixeira Lopes esteve nesta quarta-feira com toxicodependentes em Campanhã, na sua primeira acção de campanha Nelson Garrido
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Numa altura em que o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência revela que o número de mortes por overdose aumentou na Europa pelo terceiro ano consecutivo e há ameaças crescentes decorrentes do consumo de novas substâncias ilícitas, o candidato do BE à Câmara do Porto defende um “plano de emergência” que garanta condições de consumo “dignas”.

A primeira acção de campanha de João Teixeira Lopes, no âmbito das eleições autárquicas de 1 de Outubro, foi dedicada à toxicodependência, tendo o candidato visitado nesta quarta-feira a Avenida de Cartes, na freguesia de Campanhã, que funciona como uma sala de consumo a céu aberto.

Na visita, o candidato aproveitou para criticar a política da Câmara do Porto de combate à toxicodependência e defendeu a criação de um “plano de emergência” que garanta condições de consumo “dignas”.

“Enquanto não houver legislação que permita [a criação de] salas de consumo assistido é necessário um plano de emergência”, com apoio médico e de assistência social, sendo esta “uma questão de urgência humanitária”, sustentou o ex-deputado do BE, que estendeu as críticas ao vereador do PS, Manuel Pizarro, que até há pouco tempo foi o braço direito de Rui Moreira no executivo.

João Teixeira Lopes disse que escolheu o problema da toxicodependência na cidade por mostrar “aquilo que é a inacção da autarquia numa matéria que é de urgência social”.

Defensor das salas de consumo assistido no Porto, Teixeira Lopes vincou que o consumo de drogas na cidade continua a ser feito a céu aberto e em edifícios abandonados, sem quaisquer condições, sendo um “foco de perigo” para os próprios consumidores, mas também para “a saúde pública”.

“A evidência empírica é hoje enorme: há 300 mil estudos que mostram que as salas de consumo assistido e vigiado são fundamentais não só para ajudar, em termos de saúde, mas também para integrar as pessoas que consomem e até a médio e longo prazo para estabilizar e diminuir os consumos”, disse, aproveitando para carregar, de novo, nas tintas relativamente às políticas do município: “A Câmara do Porto comprometeu-se a apresentar um estudo que deveria estar pronto em Fevereiro e que até agora não conhecemos nenhum pormenor”, apontou, acrescentando: “A atitude da câmara em relação a esta questão foi cobarde politicamente e eticamente hipócrita e moralista”.

Na ocasião, Teixeira Lopes denunciou um caso que ocorreu há menos de um mês e que envolveu forças de segurança e uma empresa de limpeza. “Há cerca de três semanas, perto da Pasteleira houve uma acção punitiva que englobou uma empresa de limpeza [que presta serviço à Câmara do Porto] e forças policiais, de limpeza das pessoas que ali vivam há anos, onde existia consumo”, com recurso “à força bruta”, contou. “Isto é o inverso do que se pretende. Queremos salas de consumo assistido na cidade, não queremos que a câmara recuse essas salas e depois admita hipocritamente a existência de salas a céu aberto, e utilize punição, em conluio com forças policiais, nestas investidas”, afirmou o candidato.

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