PS resistiu a apresentar lista em Boticas e não poupa críticas à direcção nacional

Presidente da concelhia demitiu-se esta semana e distrital está a forçar uma lista

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PS tem mais um problema para resolver, a Norte Miguel Madeira

O PS de Boticas ponderou não apresentar uma candidatura à Câmara de Boticas, que é liderada pelo PSD, mas ontem à noite a distrital do PS de Vila Real preparava-se para apresentar um nome, uma escolha que acontece dois dias depois de a líder da concelhia se demitir do cargo. O nome que a distrital quer candidatar a 1 de Outubro em Boticas é o do advogado Vaz Pinto.

Boticas é um concelho considerado “muito difícil” para os socialistas e aqueles que nos últimos combates eleitorais têm dado a cara pelo partido “estão cansados de serem ignorados e desprezados” pela direcção nacional do PS. “Quem se candidata é depois alvo de perseguições durante quatro anos e os seus empregos e os das suas famílias estão sempre em risco e a direcção nacional nada faz para ajudar aqueles que vestem a camisola do partido”, declarou ao PÚBLICO fonte socialista.

Ao que foi possível apurar, a concelhia decidiu não promover nenhuma candidatura aos órgãos autárquicos precisamente por se sentirem “ignorados” e “abandonados” pela direcção.

No sábado, a distrital do PS reuniu-se para ratificar as recandidaturas de quatro presidentes de câmara da região e desafiou a concelhia de Boticas a apresentar o nome do candidato, o que não veio a acontecer. A líder da concelhia, Ana Luísa Monteiro, foi pressionada a candidatar-se à autarquia, mas a subdirectora de Agrupamento de Escolas Gomes Monteiro de Boticas, que em 2013 foi a candidata do PS a Boticas, não está disponível para voltar a assumir uma candidatura.

Em declarações ao PÚBLICO, Ana Luisa afirma que “não estão reunidas as condições políticas" para se manter no cargo. “Boticas é um concelho muito difícil, muito complicado para os candidatos do PS. Para sermos candidatos temos de ter o mínimo de condições e eu considero que nesta altura não reúno as condições políticas para me manter no cargo e, por isso, demiti-me. Não quero atrapalhar”, disse a docente.

Ao que o PÚBLICO sabe, há outras razões por detrás da sua demissão. As “relações privilegiadas” que existem entre o PS de Montalegre e o PSD de Boticas” não são bem vistas” por alguns sectores socialistas de Boticas, desde que, em 2009, o PS se apresentou a eleições com uma lista promovida por Fernando Rodrigues, na altura presidente da Câmara de Montalegre e líder da distrital do PS de Vila Real. Em 2009, o PS só apresentou listas à câmara e as pessoas que faziam parte da candidatura “eram todas de Montalegre”.

Nessa altura, o município de Boticas era presidido pelo social-democrata Fernando Campos, que hoje lidera a assembleia municipal.

Fernando Rodrigues e Fernando Campos são sócios de uma empresa com sede em Moçambique, que foi constituída quatro meses depois de os dois deixarem a presidência das respectivas câmaras. Desta sociedade por quotas, que se chama Urbenacala, Ldª, faz também parte Elói Ribeiro, antigo governador civil e mandatário para o distrito de Vila Real da candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República.

Segundo o jornal Notícias do Barroso, a sociedade tem por finalidade a “compra, venda, locação, promoção e gestão de condomínios, imobiliária, bem como a reparação e construção de estradas e pontes, construção e reabilitação de piscinas e furos de água”, entre outros objectivos.

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