Erasmus é uma das “principais razões pelas quais a UE vai sobreviver”

Comissão e Parlamento Europeu celebram nesta terça-feira 30 anos do programa de mobilidade que já envolveu mais de 9 milhões de pessoas. Ministro da Educação é um dos homenageados.

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MIGUEL MANSO

Quando há um ano e meio João Costa concorreu a um estágio na Comissão Europeia era um de entre milhares de jovens candidatos a um lugar na sede do organismo, em Bruxelas. Acabou por ser escolhido e acredita que não teria sido “se não tivesse todo o passado de intercâmbios” que tem. “Eu não era apenas mais um jovem com uma licenciatura”, explica. Foi a experiência Erasmus a facilitar-lhe o caminho, uma história que é comum nos últimos 30 anos. O programa tem aberto portas a milhares de jovens e, pelo meio, ajudado a criar uma nova geração de europeus. As instituições europeias celebram esses resultados nesta terça-feira, em Estrasburgo.

Durante o seu curso de Engenharia Biomédica, João Costa estudou uma temporada no Brasil ao abrigo do Erasmus Mundus, que permite intercâmbios para fora da Europa. Depois, durante o doutoramento partiu para uma temporada de investigação em Bordéus. E, pelo meio deste percurso, tornou-se presidente da Erasmus Student Network (ESN) em Portugal, uma rede que apoia os estudantes estrangeiros em questões como a língua, o alojamento ou a integração cultural. Toda esta experiência foi decisiva para conseguir a posição que hoje tem em Bruxelas.

Numa avaliação feita há três anos, a Comissão Europeia tinha já apontado que a probabilidade de os estudantes que passaram pelo Erasmus sofrerem uma situação de desemprego de longa duração é 50% menor face àqueles que não estudaram fora do seu país. Além disso, cinco anos após a graduação, a taxa de desemprego dos que tiveram formação no estrangeiro é inferior em 23%.

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Um milhão de bebés Erasmus

A experiência profissional e o contacto com centenas de novas histórias, todos os anos, no âmbito da Erasmus Student Network, fazem com que João Costa seja um entusiasta do programa. O Erasmus “será uma das principais razões pelas quais a União Europeia vai sobreviver”, acredita. Desde logo porque há uma geração-Erasmus que está, literalmente, a nascer: mais de um milhão de bebés nascidos nos últimos 30 anos, segundo a ESN, foram gerados por casais que se conheceram no âmbito do programa.

Não há muitos outros programas europeus tão bem sucedidos e, em tempos de incerteza, as instituições europeias têm colocado esforço nas celebrações dos 30 anos do Erasmus. Nesta terça-feira em Estrasburgo, voltam a sublinhar o seu sucesso, numa sessão plenária do Parlamento Europeu, onde serão entregues os galardões Geração Erasmus+ a 33 europeus — um por cada país participante — que integraram as várias vertentes do programa. Entre eles está o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que durante o seu percurso académico fez um programa de intercâmbio como investigador. O governante será também um dos oradores na sessão.

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O presidente do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), Hugo Carvalho, nunca fez Erasmus, mas descreve-se como “um dos maiores beneficiários do programa”. Desde 2014, o programa deixou de proporcionar apenas o intercâmbio de estudantes no ensino superior, passando a integrar áreas como o ensino vocacional e profissional, a educação de adultos ou projectos de cooperação, e ainda o Juventude em Acção que financia várias iniciativas de formação do CNJ.

Nos vários programas, mais de 9 milhões de pessoas já viajaram pela Europa em formação ou intercâmbio no âmbito do programa Erasmus. Destes, mais de 211 mil são portugueses. São pessoas que aprenderam a conhecer a Europa “sem ter que passar fronteiras, nem ter que pedir autorização para viver noutro país”, sublinha Hugo Carvalho, para quem o Erasmus “é o maior investimento que a União Europeia pode fazer em si própria”.

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Os dados da Comissão Europeia confirmam esta percepção: 83% dos antigos participantes no programa Erasmus dizem sentir-se mais europeus. Um outro dado elucidativo do mesmo inquérito, feito há três anos: 81% dos estudantes do ensino superior que participaram em intercâmbios votaram nas eleições para o Parlamento Europeu de 2014. Entre os restantes jovens, a taxa de participação foi de 30%.

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