"Do ponto de vista da saúde mental, tudo quanto seja institucionalização não resulta"

Director do Programa Nacional de Saúde Mental diz que "a intenção é identificar e integrar mais precocemente os jovens com potencial de virem a ter problemas".

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ADRIANO MIRANDA

Numa reacção ao retrato dos centros educativos, feito pela comissão de peritos coordenada pela procuradorã Maria do Carmo Peralta, o director do Programa de Saúde Mental, Álvaro de Carvalho, prevê que “a partir do momento em que entrem em funcionamento as unidades de cuidados continuados integrados de saúde mental" mais jovens vão começar "a ser acompanhados mais cedo” e muitos do que são encaminhados para os centros educativos deixem de o ser.

O que falha então? “O centro educativo é uma situação de fim de linha para casos muito complicados”, diz o psiquiatra. E garante que “a intenção é identificar e integrar mais precocemente os jovens com potencial de virem a ter problemas” de saúde mental ou perturbações da personalidade.

Álvaro de Carvalho considera que a solução não passa por criar as condições para tratar estes jovens ou proporcionar-lhes uma abordagem terapêutica dentro dos próprios centros educativos. “Do nosso ponto de vista da saúde mental, tudo quanto seja institucionalização, não resulta. Deve ser o mais possível manter as pessoas na família e apoiar a família. O apoio tem de ser um apoio amplo, sistémico e não simplesmente um apoio a miúdos que têm problemas, até porque muitas vezes estas famílias são famílias disfuncionais", diz.

E conclui que o centro educativo não resolve a situação quer sejam jovens a cumprir medidas em regime fechado, aberto ou semiaberto, onde a abordagem é “muito comportamentalista, a tentar criar hábitos em que depois as questões emocionais ficam por tratar”.

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