A geração do voto

Os jovens britânicos irão votar, sem deixar que os mais velhos decidam por eles? Oxalá.

É estranho chegar ao dia de eleições no Reino Unido sem ter lido comentários que apelaram ao voto no Labour. Leio vários jornais (Financial Times, The Times, Guardian, Telegraph) e as principais revistas (Economist, Spectator e New Statesman) mas nem uma destas publicações recomendou Jeremy Corbyn.

Encontrei muitas críticas a Theresa May e muita propaganda anti-Corbyn. A ideia geral é que não há alternativa aos conservadores. Tanto mais que se começa a desconfiar que a imprensa britânica acha que Corbyn é uma ameaça ou, no caso do Guardian e do New Statesman, que descaradamente se preferia outro dirigente para os trabalhistas.

O Economist, fazendo questão de segurar ostensivamente o nariz, opinou que o menos mau seria votar nos liberais democratas. No Spectator Charles Moore declarou que aqueles que poderiam votar mais em Corbyn — os jovens — tinham a mesma habilidade para desenhar uma cruzinha no boletim do que para fazer renda de bilros.

Noutras colunas contava-se com a abstenção das pessoas com menos de 24 anos, debilitadas pelas ressacas ou pelo comodismo. Fala-se de uma luta de gerações, clara desde o referendo do “Brexit”, em que a mais nova perde por falta de participação — e depois queixa-se que foi prejudicada ou, mais acintosamente ainda, que não foi ouvida.

Os jovens britânicos são também quem menos liga ao que diz a imprensa. Será que corresponderão ao estereótipo com que querem defini-los? Ou irão votar, sem deixar que os mais velhos decidam por eles? Oxalá.

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