PSD escolhe médico reformado para candidato a Matosinhos

Nome de Jorge Magalhães foi aprovado com 28 votos a favor e um contra. Concelhia não poupa a distrital, acusando-a de “ser sectária”

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O PSD aprovou esta segunda-feira, o nome do médico Jorge Magalhães, para liderar a candidatura do partido à presidência da Câmara de Matosinhos, encerrando um processo que foi alvo de muita controvérsia e que acabou avocado pela distrital social-democrata do Porto.  

Antes da votação, o líder da distrital, Bragança Fernandes, reuniu-se com o presidente e vice-presidente da concelhia, José António Barbosa e Pinto Lobão, respectivamente. Os dois elementos da concelhia já não participaram na reunião da comissão política distrital alargada que aprovou por 28 votos a favor, um voto contra e um voto branco o nome do médico reformado Jorge Magalhães, 63 anos, para protagonizar a candidatura social-democrata a Matosinhos.

A concelhia tinha escolhido e aprovado o nome de Joaquim Jorge para cabeça de lista, mas a distrital nunca aceitou a solução e a polémica fez enquistar as relações entre a concelhia e a distrital.

José António Barbosa criticou, por várias vezes, Bragança Fernandes “por não ter coragem de lhe dizer pessoalmente que não queria, que não gostava, do nome do candidato para Matosinhos”.

Esta segunda-feira, em declarações ao PÚBLICO, antes da reunião com Bragança, o líder da concelhia do PSD reafirmou as críticas à forma como a “distrital geriu” o processo e vaticina um “mau resultado” para o partido em Matosinhos nas autárquicas do dia 1 de Outubro. “O PSD vai ser fortemente penalizado em “Matosinhos”, declara, sublinhando que a “concelhia sempre esteve com lealdade e transparência neste processo”. “Fui condenado por alguns por ter cedido e ter dado sempre a oportunidade [à distrital], cumprindo escrupulosamente” ,  acrescentou, referindo que a comissão política distrital “nunca quis Joaquim Jorge por não ser do partido”. “A distrital não o escolheu porque o partido muitas vezes é sectário. Joaquim Jorge é um homem livre e ao PSD só interessam pessoas que estão reféns de lugares”, diz José António Barbosa ao PÚBLICO.

Joaquim Jorge, que foi alvo de várias votações internas, também aponta o dedo ao líder distrital. O PSD está refém do aparelho do partido, anquilosado e desfasado da realidade. “O dossier Matosinhos do PSD foi uma peça teatral trágica ao nível de Hamlet de Shakespeare com intriga, deslealdade, traição, vingança e imoralidade. Esta luta foi entre a velha política e a nova política. Esta luta foi entre o aparelho do PSD e a regeneração e abertura do PSD”, escreveu Joaquim Jorge num texto enviado ao PÚBLICO, que não poupa o vice-presidente do partido, Marco António Costa.

“Esta luta também foi pelo poder na concelhia de Matosinhos, mas, também, pela sucessão de Pedro Passos Coelho. Marco António Costa é uma pessoa muito ambiciosa: numa primeira fase vai tentar ser líder parlamentar e numa segunda fase vai tentar ser líder do PSD. Deste modo, tem que colocar pessoas da sua confiança em lugares chave. Os elogios públicos a Passos Coelho não passam de fait-divers”, escreve. O documento acrescenta: “A distrital liderada por Bragança Fernandes com Marco António Costa e Virgílio Macedo encerraram o partido num bunker, quem não é "como eles" é hostil. O PSD conforma-se em ser um partido residual de oposição em Matosinhos”.

 

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